Colômbia quer reconhecimento de povos afrodescendentes na COP16
Como país anfitrião da COP16, que será realizada em outubro, a Colômbia buscará o reconhecimento formal dos direitos coletivos dos afrodescendentes na América Latina, prometeu nesta sexta-feira (14) a vice-presidente do país, Francia Márquez.
Em entrevista coletiva, Márquez ressaltou que, diferentemente dos povos indígenas, a população afrodescendente não está incluída "em nenhum dos instrumentos sobre meio ambiente, mudanças climáticas e diversidade".
Juntamente com a chancelaria e o Ministério do Meio Ambiente colombianos, "assumimos a tarefa de promover que a categoria de povos afrodescendentes seja inserida na COP", disse a vice-presidente.
Principal conferência das Nações Unidas sobre biodiversidade, a COP será realizada de 21 de outubro a 1º de novembro, na cidade de Cali, com a participação de cerca de 12 mil pessoas.
"Pedimos ao Brasil que nos acompanhe nessa solicitação", por ser um país de maioria afrodescendente, acrescentou Márquez, ressaltando que o reconhecimento "seria uma ferramenta enorme para os territórios biodiversos que os coletivos ancestrais ocupam". Segundo a vice-presidente, essa estratégia permitirá "proteger o conhecimento e "a biodiversidade desses territórios".
Os descendentes de escravos africanos representam 21% da população da América Latina, ou 154 milhões de pessoas, segundo um documento assinado por organizações sociais que se reuniram em Bogotá até hoje para discutir os direitos territoriais das comunidades negras.
O grupo apresentou um documento com 16 recomendações, em que pede a inclusão do termo "afrodescendente" no futuro acordo sobre biodiversidade, o direito a uma "reparação histórica" pelo "tráfico transatlântico" de escravos, e mecanismos de proteção dos territórios das comunidades afro.
Após a eleição do primeiro presidente esquerdista da Colômbia, Gustavo Petro, em 2022, Francia Márquez, uma líder social com raízes comunitárias robustas, tornou-se a primeira vice-presidente negra do país.
A.Roberts--HHA