Hamburger Anzeiger - Bolsonaro entregará passaporte após operação da PF por tentativa de golpe

Bolsonaro entregará passaporte após operação da PF por tentativa de golpe
Bolsonaro entregará passaporte após operação da PF por tentativa de golpe / foto: Sergio Lima - AFP/Arquivos

Bolsonaro entregará passaporte após operação da PF por tentativa de golpe

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai entregar seu passaporte às autoridades, depois que a Polícia Federal (PF) lançou, nesta quinta-feira (8), uma operação contra vários de seus aliados por uma "tentativa de golpe de Estado" que culminou nos ataques de 8 de janeiro de 2023.

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Esta é uma investigação sobre um suposto complô que teria começado antes das eleições presidenciais de 2022, nas quais Bolsonaro perdeu por estreita margem para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A PF anunciou pouco antes ter desencadeado uma operação contra dezenas de pessoas, com medidas como a "entrega de passaportes em até 24 horas" para impedir que saiam do país e a "suspensão do exercício de funções públicas".

Os agentes cumprem 33 mandados de busca e quatro de prisão preventiva, em dez estados, para "apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder".

"Em cumprimento às decisões de hoje", Bolsonaro "entregará o passaporte às autoridades competentes", confirmou seu assessor e advogado Fabio Wajngarten na rede social X.

- Quatro generais na mira -

Ordenada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, a operação envolve quatro generais, incluindo Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente de Bolsonaro, e Augusto Heleno, ex-ministro do gabinete de Segurança Institucional.

Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro, também foi alvo da operação policial.

Até agora há três pessoas presas, segundo a imprensa: um ex-assessor de assuntos internacionais de Bolsonaro, Filipe Martins, e dois militares do Exército.

De acordo com a PF, os investigados disseminaram "a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital".

- De informações falsas ao golpe -

Primeiro, espalharam informações falsas sobre o sistema de votação eletrônica, acrescentou a PF. Por este fato, Bolsonaro foi declarado inelegível em junho do ano passado pelo período de oito anos.

Depois, os investigados "colocaram em execução um plano para subverter o Estado Democrático de Direito, com o objetivo de impedir a posse do governo legitimamente eleito, mantendo o então presidente Jair Bolsonaro no poder", afirmou a decisão judicial de Moraes.

Os suspeitos esperavam ter sucesso nas suas ações durante os últimos dias de 2022 e início de 2023 "principalmente quando se desencadearam os atos golpistas do dia 08 de janeiro", acrescentou o ministro no texto de mais de cem páginas.

Bolsonaro é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de instigar a invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023, uma semana depois da posse de Lula.

Nesse dia, milhares de bolsonaristas invadiram e saquearam o Palácio do Planalto e os prédios do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal para pedir uma intervenção militar e retirar Lula do poder.

- Acusações de Lula -

Lula pediu, nesta quinta-feira, que "seja aplicado o rigor da lei". Embora tenha defendido a presunção de inocência de Bolsonaro, acusou o ex-presidente de ter "participado da construção dessa tentativa de golpe".

"Queremos saber quem financiou (os atos) para que a gente nunca mais permita que aconteça o ato que aconteceu no dia 8 de janeiro", acrescentou, em entrevista à rádio local Itatiaia.

Em janeiro, o filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro (Republicanos), foi alvo de outra grande operação da PF, relacionada a um suposto plano de espionagem ilegal a favor de seu pai quando este estava no poder (2019-2022).

E.Bekendorp--HHA