Hamburger Anzeiger - Governo do Haiti condena 'massacre' de 'crueldade insuportável' em Porto Príncipe

Governo do Haiti condena 'massacre' de 'crueldade insuportável' em Porto Príncipe
Governo do Haiti condena 'massacre' de 'crueldade insuportável' em Porto Príncipe / foto: Clarens Siffroy - AFP/Arquivos

Governo do Haiti condena 'massacre' de 'crueldade insuportável' em Porto Príncipe

O governo do Haiti condenou, nesta segunda-feira (9), um massacre perpetrado entre sexta e sábado em um bairro de Porto Príncipe por uma das gangues que aterrorizam o pequeno país caribenho.

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"Este ato de barbárie, de uma crueldade insuportável, custou a vida de mais de uma centena de mulheres e homens, principalmente idosos indefesos", afirmou o governo em um comunicado publicado na rede social X.

Segundo a ONG haitiana Comitê pela Paz e o Desenvolvimento (CPD), um poderoso líder de gangue, Micanord, ordenou a execução desses assassinatos após se convencer de que vários moradores haviam provocado a doença de seu filho praticando rituais vudus.

"Seus capangas perseguiram os idosos e adeptos do vudu em Wharf Jeremie (uma área do bairro de Cité Soleil) entre a noite de sexta-feira e o sábado, e os executaram antes de queimar seus cadáveres", explicou o diretor do CPD, Fritznel Pierre, à rádio haitiana Magik 9.

Os criminosos também mataram mototaxistas que tentavam fugir da área com moradores.

Segundo Pierre, o número de vítimas não está completo porque os grupos criminosos impedem o acesso a Cité Soleil, situada a oeste da capital haitiana.

Um morador do bairro contou à AFP que os criminosos mataram seu pai, de 76 anos, na noite de sexta-feira.

"Os bandidos incendiaram seu corpo. A família não consegue nem mesmo enterrá-lo porque não conseguimos recuperar seu corpo", disse este morador, que não quis se identificar para proteger seus familiares, que vivem em Wharf Jeremie.

- 5.000 vítimas -

O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, estimou nesta segunda-feira que pelo menos 184 pessoas morreram no massacre em Cité Soleil.

"Esses últimos falecidos elevam o número de mortos no Haiti neste ano a um número colossal de 5.000 pessoas", acrescentou o funcionário durante uma coletiva de imprensa em Genebra.

O Haiti sofre há décadas com uma instabilidade política crônica e uma crise de segurança ligada à presença de gangues acusadas de assassinatos, sequestros e violência sexual contra a população.

A violência desses grupos se agravou desde fevereiro, quando grupos armados lançaram ataques coordenados em Porto Príncipe para derrubar o então primeiro-ministro Ariel Henry.

Os grupos criminosos controlam agora 80% de Porto Príncipe, e a polícia e uma missão internacional parecem incapazes de deter os ataques.

Essa força estrangeira, apoiada pela ONU e financiada em grande parte pelos Estados Unidos, começou a se instalar neste verão sob a liderança de policiais quenianos, mas seus sucessos foram escassos até o momento.

Segundo o CPD, a maioria das pessoas assassinadas na sexta-feira e no sábado tinha mais de 60 anos, mas entre as vítimas também havia jovens que tentaram intervir.

A violência incessante deslocou mais de 700.000 pessoas, metade delas crianças, em todo o país, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) de outubro.

De origem africana e pilar da cultura do país, o vudu chegou ao Haiti com os escravizados africanos.

Proibido durante a ocupação colonial francesa (independência em 1804), o governo não o reconhecia como religião oficial até 2003.

J.Fuchs--HHA