BCB manterá Selic em 13,75%, mas projeta queda, segundo mercado
O Banco Central do Brasil (BCB) manterá a Selic em 13,75% na quarta-feira (21), segundo projeções de mercado, que preveem, no entanto, o início da queda em agosto, devido à inflação mais moderada.
O Comitê de Política Monetária (Copom) da entidade divulgará sua decisão sobre a taxa Selic ao final de sua quarta reunião do ano, que começa nesta terça-feira (20).
Para desgosto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pressiona pela queda do preço do crédito, o comitê não antecipa movimentos, conforme o consenso de mais de 100 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo jornal Valor Econômico.
Mas as mesmas projeções antecipam uma mudança na política de ajuste monetário do BCB a partir da próxima reunião, nos dias 1º e 2 de agosto, quando teria início o ciclo de cortes almejado pelo governo e setores empresariais.
Taxas altas encarecem o crédito e, com isso, desestimulam o consumo e o investimento. Isso esfria a economia e reduz as pressões sobre os preços de bens e serviços.
- A mais alta do mundo -
Em agosto, fará um ano que a autoridade monetária fixou a taxa de juros em 13,75%, a mais alta do mundo em termos reais (descontada a inflação), segundo a gestora de investimentos Infinity Asset.
Esse patamar foi alcançado após uma dezena de altas consecutivas desde março de 2020, quando a Selic estava no piso histórico de 2% para impulsionar a economia impactada pela pandemia.
O BCB buscou controlar e alinhar às suas metas a inflação elevada, que se manteve em dois dígitos por vários meses durante parte desse período.
No entanto, os aumentos dos preços têm moderado nos últimos meses, corroborando os argumentos do governo para flexibilizar o reajuste: a inflação mensal foi de 0,23% em maio, enquanto o índice de preços ao consumidor em 12 meses caiu para 3,94%, ficando abaixo do limite máximo da meta anual do BCB (4,75%).
Mesmo assim, as expectativas de inflação do mercado para o final deste ano, divulgadas na pesquisa Focus do Banco Central, são ligeiramente superiores, em 5,12%.
Segundo o mesmo boletim, a Selic fecharia o ano em 12,25%, iniciando a queda cautelosamente, com cortes de 0,25 ponto percentual.
- "Sem explicação" -
Caso o Copom mantenha a taxa na atual reunião, será a sétima vez consecutiva que ficará em 13,75%, a maior desde janeiro de 2017 no Brasil.
Esse nível "não tem explicação", criticou Lula, reforçando suas críticas às vésperas da reunião do BCB, cujas autoridades se tornaram alvo frequente do presidente.
Lula, que questiona a autonomia do Banco Central, insiste em que a taxa alta prejudica o crescimento, desacelera o investimento e a geração de empregos, enquanto "tem gente passando fome".
Já o presidente do BCB, Roberto Campos Neto, que há meses resiste às pressões com argumentos técnicos, recentemente flexibilizou seu discurso, ao indicar uma possível queda da taxa "à frente", destacando a "confiança" do mercado e dados econômicos promissores.
O bom desempenho da economia brasileira surpreendeu no primeiro trimestre, com avanço de 1,9%, contrariando as projeções de baixo crescimento, devido às taxas altas.
Analistas e consultores melhoraram suas expectativas para o PIB deste ano, que agora chegam a 2,14%, ante 1,20% há um mês, segundo a pesquisa Focus.
E.Steiner--HHA