Secretária do Tesouro dos EUA chega à China para estabilizar relações
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, chegou a Pequim nesta quinta-feira (6) para iniciar uma visita de alto nível, com o objetivo de melhorar as comunicações e estabilizar as tensas relações entre as duas maiores economias do mundo.
A viagem, que vai até domingo, é a primeira de Yellen à China como secretária do Tesouro. Semanas antes, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, visitou o gigante asiático.
Yellen já havia manifestado sua intenção de viajar a Pequim, mas esses planos ficaram em dúvida diante da escalada de tensões no início do ano, após os Estados Unidos abaterem um suposto balão de espionagem chinês.
O objetivo da visita da secretária do Tesouro é ampliar os canais de interação, evitar mal-entendidos e melhorar a colaboração em questões como a economia mundial, a mudança climática e o alívio da dívida, de acordo com um funcionário de seu departamento.
"O fato de ela ficar quatro dias em Pequim, levando em consideração todas as outras pressões domésticas e internacionais, destaca a importância que ela dá a essa visita", disse a vice-presidente do Asia Society Policy Institute, Wendy Cutler, à AFP.
Apesar da longa lista de acusações mútuas e da pouca flexibilidade para reajustar suas políticas, a visita permitirá a Yellen preparar o terreno para uma futura colaboração, acrescentou.
- "Administrar a competição" -
Segundo Lindsay Gorman, associada do German Marshall Fund dos Estados Unidos, a visita de Yellen faz parte do esforço dos Estados Unidos para reajustar as relações entre ambos os países.
"Trata-se de administrar o novo ambiente de competição estratégica", acrescentou.
Citando motivos de segurança, os Estados Unidos impuseram controles sobre a exportação de tecnologia para a China, especialmente relacionada a semicondutores.
"Acredito que é preciso explicar e comunicar qual é o verdadeiro propósito dessas medidas", disse Gorman.
Como um sinal dos desafios que Yellen enfrenta, o jornal econômico The Wall Street Journal informou que o governo americano está considerando restringir o acesso de empresas chinesas aos serviços de computação em nuvem de empresas como Amazon, ou Microsoft.
Mas Yellen pode estar em melhor posição para construir pontes com a China em desafios globais compartilhados pelas duas economias, disse Gorman.
Os detalhes de suas reuniões ainda não foram anunciados, mas os analistas estão atentos a um possível encontro com o vice-primeiro-ministro He Lifeng, que substituiu o principal responsável econômico Liu He.
As divergências persistem em várias questões econômicas, como os supostos planos dos Estados Unidos de restringir investimentos estrangeiros em algumas tecnologias sensíveis, o que poderia afetar a chegada de capital à China.
Washington também manifesta preocupação com "ações coercitivas e práticas econômicas não baseadas no mercado", por parte de Pequim, de acordo com um funcionário do Tesouro.
Funcionários de alto escalão do governo americano enfatizaram que não querem uma desconexão da economia chinesa, mas uma redução da dependência e do risco. Resta saber se Pequim ficará satisfeita.
Em áreas como o alívio da dívida para países em dificuldades, a cooperação parece menos complicada.
R.Hansen--HHA