Hamburger Anzeiger - BC prepara corte de taxa de juros, inalterada no último ano

BC prepara corte de taxa de juros, inalterada no último ano
BC prepara corte de taxa de juros, inalterada no último ano / foto: EVARISTO SA - AFP

BC prepara corte de taxa de juros, inalterada no último ano

O Banco Central do Brasil (BCB) se prepara para cortar na quarta-feira (2) a taxa básica de juros, há um ano sem alterações, a 13,75%, segundo a expectativa do mercado, em meio à insistente pressão do governo.

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A mudança será definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BCB em uma nova reunião de dois dias que começa nesta quarta-feira.

Desde que assumiu o governo em janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pressionado as autoridades da instituição para que iniciem o ciclo de reduções da taxa Selic, cujo nível considera irracional e abusivo.

As pressões aumentaram especialmente nos últimos meses, com um alívio da inflação, que afetou a maior economia latino-americana entre 2021 e 2022, e serviu de argumento ao BCB para aumentos na taxa.

"A inflação em 12 meses está menos que 5%, por que a taxa de juro tem que estar nesse nível? Qual é a explicação? Não existe explicação", disse o presidente Lula.

A taxa permanece em 13,75% desde agosto de 2022, quando o comitê interrompeu as altas iniciadas em março de 2020 desde um mínimo histórico de 2% devido à pandemia.

Neste nível, a taxa de juros brasileira foi a maior do mundo em termos reais (7,54%), ou seja, descontando a inflação projetada para os próximos 12 meses, segundo o site especializado MoneYou.

Porém, há diferenças a respeito da redução prevista: a maioria prevê que será de 0,25 ponto percentual; outros esperam uma redução mais expressiva, de 0,50 ponto, segundo uma pesquisa do jornal econômico Valor com 128 instituições financeiras e consultoras.

- Inflação controlada -

Em seus últimos relatórios, as autoridades do Copom atribuíram o congelamento da Selic à prudência diante de pressões inflacionárias ainda ameaçadoras.

Em junho, o BCB afirmou que o cenário continua exigindo cautela.

No entanto, a inflação permaneceu calma nos últimos meses, o que deixou o governo impaciente, por considerar que já há condições econômicas para iniciar o corte da taxa.

A inflação caiu em junho para 3,16% em 12 meses, a menor desde setembro de 2020.

As projeções para o ano caíram para 4,84%, segundo a última pesquisa Focus do BCB, próximo ao teto de 4,75% estabelecido para a meta da entidade.

Embora a estimativa ainda não esteja dentro das metas, as expectativas dos analistas são de 5,95% para março.

Assim, o mercado situa a taxa Selic em 12% ao final deste ano, segundo as previsões compiladas pelo BCB.

- "Ventos favoráveis" -

As taxas altas encarecem o crédito e desestimulam o consumo e o investimento. Por um lado, isso reduz pressões sobre os preços de bens e serviços, mas por outro, desacelera a economia, na contramão das intenções do governo.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avalia que há espaço para o corte, em um contexto de "ventos favoráveis".

Segundo ele, isso se deve em parte à melhora da nota de crédito do Brasil (para BB) pela agência Fitch, devido a desempenhos macroeconômicos e fiscais melhores do que os esperados.

A perspectiva do mercado é uma expansão de 2,24% do PIB para este ano, número que foi revisado para cima especialmente pelo impulso do setor agropecuário, segundo o boletim Focus.

H.Beehncken--HHA