Taxa de pobreza se mantém estável na América Latina em 2023 (Cepal)
A taxa de pobreza permaneceu estável na América Latina em 2023, afetando cerca de 183 milhões de pessoas, uma estagnação nos resultados para reduzir este índice, em um contexto geral de baixo crescimento econômico, revelou a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) nesta quinta-feira (23).
A pobreza afetará 29,1% dos latino-americanos este ano. Deles, 11,4% – o equivalente a 72 milhões de pessoas – cairão na categoria de "pobreza extrema", ou seja, aquela população que não consegue cobrir suas necessidades alimentares básicas diárias, estima o relatório da Cepal.
Os números são semelhantes aos reportados em 2022, quando a pobreza caiu para 29% da população da América Latina e a pobreza extrema atingiu 11,2%, voltando a níveis semelhantes aos de 2019, na pré-pandemia.
"Os números da pobreza em 2022 [nos quais se baseia a projeção para 2023] são semelhantes aos do início e do final da última década, o que revela um avanço insuficiente em nível regional para alcançar o objetivo da sua erradicação", alertou a Cepal ao apresentar o relatório "Panorama Social da América Latina e do Caribe 2023".
A situação é ainda menos encorajadora no caso da pobreza extrema, já que os números mais recentes ultrapassam os de 12 anos atrás em mais de 20 milhões de pessoas, acrescentou a organização.
A taxa de crescimento do PIB prevista para 2023 na América Latina, de 1,7% - significativamente inferior aos 3,8% registrados em 2022 e que poderá atingir 1,5% em 2024 - não permite prever melhorias da pobreza na região.
"Em um contexto de baixo crescimento econômico, é de se esperar que os números da pobreza e da pobreza extrema permaneçam praticamente inalterados em nível regional", afirmou o secretário-geral da Cepal, José Manuel Salazar-Xirinachs.
A desigualdade social na região também permanece em um nível muito elevado, segundo a Cepal.
Na América Latina, "o decil (populacional) mais alto recebe uma renda 21 vezes superior à do decil de rendas baixas, o que representa uma desigualdade muito elevada. A concentração do patrimônio é ainda maior que a de renda; em 2021, o patrimônio dos 105 bilionários [pessoas com bens superiores a 1 bilhão de dólares] da região representava quase 4% do patrimônio de toda a população e ultrapassou os níveis de 2019 e 2020", alerta o relatório.
A.Wulhase--HHA