Hamburger Anzeiger - América Latina tem 1º de Maio com pouca afluência e reivindicações variadas

América Latina tem 1º de Maio com pouca afluência e reivindicações variadas
América Latina tem 1º de Maio com pouca afluência e reivindicações variadas / foto: Luis ROBAYO - AFP

América Latina tem 1º de Maio com pouca afluência e reivindicações variadas

Milhares de pessoas foram às ruas das principais cidades da América Latina nesta quarta-feira (1º) para celebrar o Dia Internacional dos Trabalhadores, reivindicando melhorias salariais, criticando as reformas trabalhistas ou o governo e, em alguns casos, o apoio à situação.

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- Argentina -

Milhares de trabalhadores independentes ou afiliados a sindicados se manifestaram em Buenos Aires contra a reforma trabalhista promovida pelo governo do ultraliberal Javier Milei, que obteve a aprovação dos deputados na véspera.

É um "dia de luta e reivindicação", disse à AFP Maia Volcovinsky, integrante do conselho diretor da Confederação Geral do Trabalho (CGT).

"Nós nos vemos tendo que repudiar uma reforma trabalhista que retrocede nos direitos dos trabalhadores", afirmou durante o ato na capital, onde se formaram longas filas de pessoas com bandeiras de sindicatos.

- Brasil -

Os principais atos foram realizados na cidade de São Paulo, sede dos principais movimentos sindicais do país.

Ali, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que começou a vida política como sindicalista, participou de um ato junto com as principais centrais operárias no estádio do Corinthians, na zona leste da capital, e defendeu a redução da carga fiscal para aqueles que ganham menos.

"Vamos despenalizar as pessoas de classe média, que pagam muito e fazer com que o muito rico pague mais, porque só o pobre paga", disse Lula, que sancionou uma lei que altera as faixas do Imposto de Renda.

O presidente criticou a baixa adesão nos atos de 1º de maio. "Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar", alegou.

- Chile -

Cerca de cinco mil pessoas, convocadas pela Central Unitária dos Trabalhadores (CUT) marcharam pelo centro de Santiago, exigindo melhores salários e condições de trabalho. Somaram-se à manifestação alguns ministros do governo do esquerdista Gabriel Boric.

"Estamos retomando as ruas [...] para avançar nas demandas por um trabalho decente, principalmente por ambientes de trabalho livres de toda a violência", disse Margarita Araya, psicóloga e presidente da Confederação Democrática de Profissionais Universitários da Saúde (Confedeprus).

Em outra manifestação, organizada a poucos quarteirões dali, foram registrados confrontos com a polícia, que reagiu com jatos d'água e gás lacrimogênio, e deteve 16 pessoas.

- Colômbia -

Com bandeiras nacionais, milhares de apoiadores, sindicatos, políticos e ativistas se concentraram, nesta quarta-feira, na Praça de Bolívar, no centro de Bogotá, convocados pelo presidente colombiano, Gustavo Petro.

Alfonso Quiroz, de 63 anos, atendeu ao chamado, dizendo-se favorável ao pacote de reformas impulsionado pelo presidente de esquerda. "Não temos tido um Congresso que legisle para o povo, mas para as empresas, as transnacionais. Precisamos mudar isso, por isso estamos aqui, para mostrar apoio", disse o aposentado à AFP.

No poder desde agosto de 2022, Petro não conseguiu convencer os congressistas a darem luz verde a seus projetos de lei com vistas a modificar o sistema de saúde, pensões e trabalhista.

- Cuba -

Os trabalhadores também foram às ruas em Cuba, embora em menor número do que em outros anos.

Com bandeiras cubanas e fotos do finado líder Fidel Castro (1926-2016), milhares de pessoas com camisetas brancas e vermelhas se concentraram na Tribuna anti-imperialista, uma esplanada emblemática situada em frente à embaixada dos Estados Unidos, em Havana.

O secretário-geral da Central de Trabalhadores de Cuba, Ulises Guilarte, denunciou o embargo dos Estados Unidos e admitiu as "ineficiências internas" de seu país, que vive sua pior crise em três décadas, com apagões e escassez de alimentos, medicamentos e combustível.

- Equador -

Liderada por centrais sindicais, a marcha, que contou com 5.000 pessoas em Quito, reivindicou melhores condições e mais postos de trabalho para os equatorianos, que recentemente rejeitaram, em um referendo, os contratos por horas.

"Está difícil conseguir trabalho e tudo está mais caro" devido à alta do Imposto de Valor Agregado (IVA), que passou de 12% para 15%, disse à AFP Luis Morales, um comerciante de 42 anos que há dois não consegue emprego formal.

O governo aumentou o imposto sobre o consumo para obter recursos, que destinará à sua estratégia de combate frontal à criminalidade.

- Venezuela -

Na Venezuela, a marcha de uma central operária crítica ao governo do esquerdista Nicolás Maduro foi marcada por confrontos com simpatizantes do chavismo governista, que compareceram em motocicletas.

"Como é possível que grupos armados agridam os trabalhadores? Nós viemos reivindicar um salário digno", disse à imprensa o líder dirigente sindical Mauro Zambrano durante a mobilização em Caracas.

O chavismo também convocou uma manifestação que prevista para terminar no palácio presidencial de Miraflores por Maduro, que disputará a reeleição em julho.

- Uruguai -

A central única de trabalhadores Pit-Cnt - com cerca de 400.000 afiliados -, concentrou sua reivindicação na reforma do atual sistema de seguridade social, que quer levar a plebiscito em outubro, juntamente com as eleições nacionais.

A iniciativa sindical inclui reduzir a idade de aposentadoria de 65 para 60 anos e eliminar as administradoras de fundos de pensão, entre outros.

"Depois dos 45, é muito complicado se você está desempregado. A empresa em que trabalhava fechou em 2020. Há dois anos, consegui entrar em outra, mas com contratos temporários...", disse à AFP Claudia Suárez, de 49 anos, que passou de ser inspetora de qualidade a ferreira.

Durante o ato, ao qual, segundo a polícia, foram cerca de 2.000 pessoas, o Pit-Cnt criticou o governo do presidente Luis Lacalle Pou (centro direita) e também defendeu uma "mudança profunda" na matriz produtiva.

F.Schneider--HHA