Hamburger Anzeiger - Mortalidade infantil aumentou nos EUA após revogação do direito ao aborto (estudo)

Mortalidade infantil aumentou nos EUA após revogação do direito ao aborto (estudo)
Mortalidade infantil aumentou nos EUA após revogação do direito ao aborto (estudo) / foto: Yuki IWAMURA - AFP/Arquivos

Mortalidade infantil aumentou nos EUA após revogação do direito ao aborto (estudo)

A mortalidade infantil nos Estados Unidos aumentou nos meses seguintes à decisão da Suprema Corte de revogar o direito federal ao aborto, impulsionada por um aumento no número de bebês com problemas no nascimento, aponta um estudo divulgado nesta segunda-feira (21).

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A descoberta chama a atenção para as consequências da restrição do acesso ao aborto em grande parte do país, segundo as autoras do estudo, publicado na Jama Pediatrics.

Maria Gallo e Parvati Singh, pesquisadoras da Universidade Estadual de Ohio, analisaram uma base de dados nacional de nascimentos e compararam a tendência histórica a dados dos 18 meses posteriores à decisão de junho de 2022, que revogou o direito constitucional de acesso ao aborto em todo o país.

“Descobrimos que nos meses posteriores à decisão a mortalidade infantil nos Estados Unidos foi mais alta do que esperávamos”, disse à AFP Maria Gallo, professora da divisão de epidemiologia da universidade.

Em três dos meses analisados (outubro de 2022, março de 2023 e abril de 2023), as taxas de mortalidade infantil foram cerca de 7% mais altas do que as cifras usuais, com uma média de 247 mortes a mais.

A maior parte do aumento foi atribuída a anomalias congênitas, um registro incomum em relação aos números típicos dos Estados Unidos, segundo as autoras. Entre as causas, estão problemas cardíacos, anomalias cromossômicas e outras malformações.

“São casos em que, antes da sentença, as pessoas poderiam ter abortado, em vez de terem que manter a gestação e passar pela experiência de perder um bebê", explicou Maria.

A vice-presidente e candidata democrata Kamala Harris fez do acesso ao aborto um dos temas centrais da sua campanha para a Presidência do país. Seu adversário republicano, Donald Trump, nomeou juízes conservadores para a Suprema Corte durante seu governo, o que acabou revertendo o direito ao aborto e provocando mudanças repentinas nas restrições estaduais ao procedimento.

Um total de 21 estados proíbem ou restringem o aborto. Nas próximas eleições, dez estados vão votar sobre essa prática.

As pesquisadoras buscam determinar se o aumento da mortalidade infantil ocorreu em todos os estados ou se concentrou-se principalmente naqueles com leis ou políticas estaduais que restringem o acesso ao aborto.

F.Fischer--HHA