Líder do Grupo Wagner anuncia captura de Bakhmut, onde Ucrânia afirma seguir lutando
O chefe do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, reivindicou, neste sábado (20), a captura completa da cidade ucraniana de Bakhmut, cenário da batalha mais longa e sangrenta da ofensiva da Rússia. Kiev, por sua vez, garantiu que continua combatendo no local, mas reconheceu que a situação é "crítica".
Se confirmada, a captura de Bakhmut representaria uma vitória para Moscou após vários contratempos humilhantes. Também se daria antes de uma contraofensiva que a Ucrânia afirma estar preparando há meses.
O anúncio de Prigozhin também coincidiu com a visita do presidente ucraniano Volodimir Zelensky a Hiroshima, no Japão, para a cúpula do G7, onde busca uma maior pressão da comunidade internacional sobre Moscou.
"Em 20 de maio de 2023, hoje, ao meio-dia, Bakhmut foi tomada em sua totalidade", anunciou Prigozhin em um vídeo divulgado por seu serviço de imprensa no Telegram, onde ele aparece diante de dois homens armados que balançam uma bandeira russa, cercados por edifícios em ruínas.
"A operação para tomar Bakhmut durou 224 dias. [...] Aqui só estava o [Grupo] Wagner" e nenhuma das tropas oficiais do Exército russo, acrescentou Prigozhin, que está em conflito aberto com alto comando militar russo há meses.
"A situação é crítica. Ao mesmo tempo, [...] nossas defesas controlam algumas instalações industriais e infraestruturas da área, assim como o setor privado", indicou Hanna Maliar, vice-ministra da Defesa da Ucrânia, também no Telegram.
"Até 25 de maio, vamos marcar completamente a cidade, criar posições defensivas e a transferiremos aos militares para que se encarreguem", declarou Prigozhin, acrescentando que o Grupo Wagner permanecerá à disposição de Moscou para futuras operações.
- Ameaças ao Estado-Maior -
Ambos os lados sofreram muitas baixas em Bakhmut, que antes da ofensiva russa tinha cerca de 70.000 habitantes e agora está em grande parte destruída pelos combates.
As forças russas avançaram lentamente, tomando localidades vizinhas como Soledar, mais ao norte.
Nas últimas semanas, controlavam mais de 90% de Bakhmut, e os combates se concentravam contra um reduto da resistência ucraniana no oeste da localidade.
No entanto, a Ucrânia anunciou esta semana que havia retomado mais de 20 km², somados, das forças russas, tanto ao norte como ao sul, colocando em risco os flancos do Grupo Wagner, que contam com o apoio de tropas do Exército russo.
Yevgeny Prigozhin acusou os soldados do Exército russo de abandonarem suas posições próximas a Bakhmut, e afirmou que o Estado-Maior não estava fornecendo munições suficientes para os homens de seu grupo com o objetivo de enfraquecê-lo.
"Não apenas temos lutado contra o Exército ucraniano em Bakhmut, mas também com a burocracia russa que colocou pedras em nosso caminho", declarou Prigozhin neste sábado.
Criticando novamente o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior, Valeri Gerasimov, Prigozhin considerou que o número de mortes registradas em Bakhmut foi cinco vezes maior "devido a seus caprichos".
"[Shoigu e Gerasimov] responderão por suas ações", afirmou o chefe do Grupo Wagner.
Desde o início da invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia já registrou várias derrotas no front, e viu-se obrigada a retirar-se dos arredores de Kiev, da província de Kharkiv (nordeste) e da cidade de Kherson (sul).
Durante o inverno, o front permaneceu estático em sua maior parte e a maioria dos combates se concentrou em Bakhmut.
Agora, ambos os lados estão à espera de uma grande contraofensiva anunciada pelas autoridades ucranianas, graças às entregas de armas ocidentais.
Recentemente, Zelensky declarou que seu Exército necessitava de "mais tempo" para preparar esse ataque.
H.Rathmann--HHA