Lula diz ter ficado 'chateado' por não ter se encontrado com Zelensky
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na manhã desta segunda-feira (noite de domingo, 21, no Brasil), em Hiroshima, ter ficado "chateado" por não ter se encontrado com o contraparte ucraniano, Volodimir Zelensky, durante a cúpula do G7.
Lula disse, ainda, que tanto o ucraniano quanto o presidente russo, Vladimir Putin, não parecem ter interesse em negociar a paz.
Zelensky, que fez uma visita surpresa à cúpula dos sete países mais industrializados do planeta, em Hiroshima, no Japão, em busca de apoio diplomático e mais ajuda militar, tentou um encontro bilateral com Lula.
O brasileiro foi alvo de críticas, segundo as quais teria sido brando com a Rússia sobre a invasão ao país vizinho.
Tanto Lula quanto Zelensky atribuíram a conflitos de agenda o fato de não terem se encontrado, o que o presidente ucraniano disse, em tom de brincadeira, que poderia ter "decepcionado" o colega brasileiro.
"Eu não fiquei decepcionado. Fiquei chateado porque eu gostaria de encontrar com ele e discutir o assunto", disse Lula durante uma coletiva de imprensa no Japão, antes da viagem de volta ao Brasil.
Mas "o Zelensky é maior de idade. Ele sabe o que faz", acrescentou.
Lula explicou que sua equipe havia agendado um encontro com Zelensky na tarde deste domingo, mas o ucraniano teria se atrasado e a sua agenda estava cheia depois disso.
Zelensky obteve um apoio expressivo dos líderes do G7 durante a cúpula, incluindo um suporte americano para ter acesso aos caças F-16, há muito reivindicado.
Ele também se encontrou com líderes de países fora do G7, convidados ao evento, e obteve o compromisso do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, de fazer "tudo o que pudermos" para solucionar o conflito.
"Eu entendo a sua dor", disse Modi a Zelensky.
Lula disse que não via sentido em se reunir com Zelensky agora e afirmou que nem ele, nem o presidente russo, Vladimir Putin, pareciam querer a paz.
"For enquanto, eles não querem conversar. Os dois estão convencidos de que vão ganhar a guerra", acrescentou.
Lula tem promovido a realização de diálogos de paz entre Rússia e Ucrânia e propôs que o Brasil atue como mediador, juntamente com outros países "neutros", como China e Indonésia.
Mas, no mês passado, o brasileiro foi alvo de críticas ao acusar os Estados Unidos de "encorajar" a guerra.
Depois que a Casa Branca o acusou de "reproduzir a propaganda russa e chinesa", Lula baixou o tom e afirmou que o Brasil condena a invasão russa da Ucrânia.
Mas voltou a fazer críticas nesta segunda.
Segundo ele, o presidente americano, Joe Biden, está enviando a mensagem de que "Putin tem que se render e pagar por tudo que ele estragou".
"Esse discurso não ajuda", afirmou Lula.
F.Carstens--HHA