Petro suspende trégua com maior grupo dissidente das Farc após assassinato de menores
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, suspendeu nesta segunda-feira (22) a trégua com o Estado-Maior Central, o principal grupo de dissidentes da guerrilha das Farc, em quatro das regiões mais conturbadas do país após o assassinato de quatro menores indígenas pelos rebeldes.
"Informa-se que a trégua bilateral que vigorava atualmente com este grupo armado nos departamentos de Meta, Caquetá, Guaviare e Putumayo [sul] está suspensa e todas as operações ofensivas foram reativadas", escreveu o presidente em um comunicado no Twitter.
As quatro regiões constituem um bastião dos guerrilheiros no sul do país.
Os menores de idade da comunidade murui haviam sido recrutados à força pelos rebeldes, que se distanciaram do acordo de paz que desarmou as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Neste fim de semana, as autoridades informaram que os jovens foram assassinados na fronteira entre os departamentos de Caquetá e Amazonas por membros da frente Carolina Ramírez do chamado Estado-Maior Central (EMC) das Farc, o grupo dissidente mais influente.
"Foi um fato atroz que questiona a vontade de construir um país em paz. Não há justificativa para este tipo de crime", acrescentou Petro.
Liderado por Iván Mordisco, o EMC faz parte dos grupos armados ilegais com os quais Petro quer negociar e desarmar dentro de sua política de "Paz Total".
Em abril, a facção dissidente afirmou que estava pronta para iniciar as negociações em maio, mas essas discussões nunca se concretizaram.
Em 31 de dezembro, Petro declarou um cessar-fogo bilateral com este grupo de dissidentes e outras quatro das principais estruturas armadas que operam na Colômbia.
No entanto, três tréguas já caíram: com a guerrilha do ELN, que se recusou a acabar com as hostilidades apesar das negociações de paz com o governo desde novembro, e com o cartel do Clã do Golfo, que atacou a força pública e a população civil.
"Se o cessar-fogo não for eficaz em determinados territórios para proteger a vida e a integridade da população, não faz sentido persistir nisso", insistiu Petro.
A.Baumann--HHA