Hamburger Anzeiger - Rússia denuncia incursão de sabotadores horas depois de bombardeio na Ucrânia

Rússia denuncia incursão de sabotadores horas depois de bombardeio na Ucrânia
Rússia denuncia incursão de sabotadores horas depois de bombardeio na Ucrânia / foto: Sergey Bobok - AFP

Rússia denuncia incursão de sabotadores horas depois de bombardeio na Ucrânia

A Rússia reconheceu, nesta segunda-feira (22), que está combatendo um grupo de sabotadores ligado à Ucrânia, horas depois de Kiev ter informado sobre um bombardeio noturno russo que deixou momentaneamente a usina nuclear de Zaporizhzhia sem energia.

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O governador da região russa de Belgorod, Viacheslav Gladkov, informou que duas pessoas ficaram feridas em um bombardeio na cidade de Glotovo e que há outros três feridos em Graivoron e um em Zamostie.

Essa operação ilustra as aparentes dificuldades de Moscou para garantir a segurança de sua fronteira nas regiões limítrofes com a Ucrânia, onde, nas últimas semanas, foi registrado um número crescente de ataques.

Gladvok anunciou que "um regime legal antiterrorista foi introduzido" na região para garantir a segurança dos cidadãos.

Esse regime dá poderes às forças de segurança, permitindo a aplicação de medidas como o reforço dos controles de identidade, de veículos e das comunicações, assim como maior facilidade para realizar operações "antiterroristas".

A incursão ocorre depois de a Rússia ter reivindicado, no fim de semana, a tomada de Bakhmut, cidade no leste da Ucrânia que foi cenário da batalha mais feroz e sangrenta desde que o conflito começou, em fevereiro de 2022.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, desmentiu que suas forças tenham perdido a região e afirmou que seu exército ainda controla uma pequena faixa e que segue pressionando as tropas russas ao norte e ao sul da cidade.

O grupo paramilitar russo Wagner afirmou, por sua vez, que suas forças preveem se retirar de Bakhmut entre 25 de maio e 1º de junho, cedendo suas posições ao exército regular.

Nesta segunda, as autoridades russas reportaram que "um grupo de sabotagem e reconhecimento" vindo da Ucrânia entrou no distrito de Graivoron, na região de Belgorod.

"As forças armadas russas, junto dos guardas fronteiriços, a Rosgvardia (guarda nacional) e o FSB (serviços de segurança) implementam todas as medidas necessárias para liquidar o inimigo", informou o governador da região de Belgorod, Viacheslav Gladkov, pelo Telegram.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse aos jornalistas que o presidente Vladimir Putin foi informado da incursão. Ele também reportou que essa operação é uma tentativa da Ucrânia de "desviar a atenção", após a perda do controle de Bakhmut.

A presidência ucraniana, no entanto, assegurou que "não tem nada a ver" com a incursão, mas que acompanha a situação com "interesse".

- "A ditadura do Kremlin" -

A incursão foi reivindicada em um canal de Telegram por uma conta que diz pertencer à "Legião Liberdade para a Rússia", um grupo de russos que combatem ao lado da Ucrânia, e que já reivindicou operações anteriores na mesma região.

"Chegou o momento de pôr fim à ditadura do Kremlin", afirmou, em um vídeo divulgado no canal, um homem que, em dezembro, se apresentou à AFP como "César", porta-voz do grupo. Esse homem foi definido pelos meios de comunicação como um ex-neonazista de direita, que em 2014 passou para o lado da Ucrânia.

Segundo o canal, o grupo "libertou totalmente" uma vila da região de Belgorod e atacou um segundo local.

As autoridades ucranianas, por sua vez, afirmaram ter repelido - ao menos parcialmente - um ataque aéreo russo sem precedentes lançado durante a noite com mísseis e drones contra a cidade de Dnipro, no centro-oeste do país.

Segundo as autoridades regionais, sete pessoas ficaram feridas. O prefeito de Dnipro, Boris Filatov, disse que "nunca havia tido um bombardeio (contra a cidade) dessa intensidade", desde o início da ofensiva russa.

- Corte de energia na central de Zaporizhzhia -

Segundo as autoridades ucranianas, o bombardeio russo também provocou um corte temporário de energia na usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, que é ocupada pelos russos desde o início do conflito.

Essa central sofreu vários bombardeios e essa é a sétima vez que fica sem acesso à rede elétrica.

A usina está fechada atualmente e não está produzindo eletricidade, mas a edificação necessita de energia para atender à sua própria demanda, incluindo a refrigeração de seus seis reatores.

Nas últimas semanas, enquanto é preparada uma grande contraofensiva ucraniana, o território russo foi alvo de um número crescente de sabotagens e ataques, que Moscou atribui a Kiev e que a Ucrânia nega.

No campo diplomático, Zelensky participou durante o fim de semana da cúpula do G7 no Japão, onde os países do grupo das sete economias mais industrializadas do planeta fizeram novas promessas de entrega de material militar a Kiev.

A.Wulhase--HHA