Erdogan busca reeleição no segundo turno após 20 anos no poder na Turquia
Os turcos votam neste domingo (28) no segundo turno das eleições presidenciais, nas quais o atual presidente, o islamita Recep Tayyip Erdogan, procura a reeleição após 20 anos no poder, contra o social-democrata Kemal Kiliçdaroglu.
Erdogan, à frente do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, islâmico conservador) votou ao meio-dia em um bairro conservador de Istambul.
"Nenhum país do mundo tem uma taxa de participação de 90% e a Turquia quase a atingiu. Peço aos meus concidadãos que votem sem hesitar", disse o líder de 69 anos, que começa com clara vantagem neste segundo turno inédito.
O candidato da oposição, à frente de uma coalizão de seis partidos, votou em Ancara, capital do país, onde convidou os seus apoiadores a permanecerem próximos das urnas após o encerramento das assembleias de voto para acompanharem a contagem.
"Para trazer verdadeira democracia e liberdade a este país e livrar-nos de um governo autoritário, convido todos os cidadãos a votar", disse Kiliçdaroglu, de 74 anos.
As assembleias de voto abriram às 08h00 no horário local (03h00 em Brasília) com longas filas e encerram às 17h00 (11h00 de Brasília). Os resultados são esperados para a noite de domingo.
No total, 60 milhões de turcos poderão decidir se estendem o mandato de Erdogan por mais cinco anos. No primeiro turno, em 14 de maio, o líder obteve 49,5% dos votos.
Kiliçdaroglu, que preside o Partido Republicano do Povo (CHP, laico), ficou em segundo lugar com 45% dos votos.
As eleições na Turquia, com 85 milhões de habitantes e membro da Otan, são observadas de perto pelas potências ocidentais e pelos países do Oriente Médio devido ao seu papel geopolítico fundamental.
- Duas visões de país -
É "importante preservar o que foi adquirido nos últimos 20 anos na Turquia" sob Erdogan, disse Mehmet Emin Ayaz, empresário de 64 anos, em Ancara.
Aysen Gunday, aposentada de 61 anos, considerou as eleições um "referendo" e declarou ter votado em Kiliçdaroglu.
Duas visões de país se enfrentam nestas eleições. Por um lado, Kiliçdaroglu promete restaurar a democracia, a independência do Judiciário e da imprensa. Por outro, o presidente Erdogan personifica a promessa de estabilidade, apesar de seu poder rivalizar com o dos sultões otomanos.
A vantagem de Erdogan no primeiro turno foi alcançada apesar da inflação significativa que atingiu o país - ultrapassou 85% no outono - e do terremoto devastador que atingiu a Turquia há três meses.
O social-democrata Kiliçdaroglu não conseguiu "aproveitar" a crise econômica que está afetando as famílias e os jovens turcos. Ele lidera uma coalizão de partidos que vai da direita nacionalista à centro-esquerda liberal e que foi apoiado pelo partido pró-curdo HDP.
Após o primeiro turno, Kiliçdaroglu apareceu mais ofensivo e menos sorridente do que no início de sua campanha. Sem acesso à grande mídia, ele lutou no Twitter enquanto seus apoiadores tentavam mobilizar os eleitores indo de porta em porta. Em jogo estavam 8,3 milhões de eleitores que não votaram no primeiro turno, apesar de uma participação de 87%.
E.Gerber--HHA