Rússia intensifica ataques com mísseis contra capital ucraniana
A Rússia intensificou os ataques com mísseis contra Kiev nesta segunda-feira (29), começando com um raro ataque diurno que fez os moradores correrem em busca de abrigo, seguido por um bombardeio noturno que feriu pelo menos uma pessoa, disseram autoridades ucranianas.
Em outra onda de bombardeios no oeste do país, durante a noite, as autoridades ucranianas admitiram que os ataques atingiram uma instalação militar, segundo uma de suas poucas declarações sobre alvos militares impactados.
Após os bombardeios noturnos da véspera, que não causaram danos significativos na capital, as sirenes antiaéreas voltaram a soar na manhã desta segunda, seguidas de uma série de explosões às 11h10 locais (5h10 em Brasília).
"O inimigo lançou ataques com mísseis contra o território ucraniano, pela segunda vez em 24 horas", disse o comandante do Exército ucraniano, Valery Zalukhny, garantindo que todos os projéteis deste ataque haviam sido derrubados. "No total, 11 mísseis do tipo Iskander-M e Iskander-K foram lançados do norte" contra Kiev e sua região, acrescentou.
De acordo com as autoridades da cidade, um homem ficou ferido e precisou ser hospitalizado.
Durante a noite, Kiev sofreu um novo ataque em massa com drones que deixou uma mulher de 27 anos ferida, segundo o prefeito da cidade, Vitali Klitschko.
Os destroços da derrubada dos drones causaram um incêndio em uma casa e três veículos em diferentes pontos da cidade, indicaram as administrações civil e militar.
Mais cedo, o Parlamento da Ucrânia aprovou um pacote de sanções contra o Irã, aliado da Rússia, depois que Kiev alegou que Moscou usou drones iranianos no maior ataque de aviões não tripulados à capital desde o começo da invasão.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, declarou nesta noite que "a Rússia quer ir até o fim neste caminho do mal" com seus ataques.
- Mais ajuda dos EUA -
"O mundo tem que ver que o terror perde. Quando os mísseis Patriot nas mãos de ucranianos garantem 100% de destruição de qualquer míssil russo, o terror perde", ressaltou Zelensky.
Kiev recebeu em abril o primeiro carregamento de mísseis defensivos americanos Patriot, e o presidente Joe Biden sugeriu hoje que haveria mais ajuda a caminho. Consultado sobre os ataques russos a Kiev, Biden disse que isto "não é inesperado", e que, "por isso, temos que continuar dando à Ucrânia tudo o que necessita".
Diante da intensidade das explosões pela derrubada dos mísseis russos, muitos moradores correram para abrigos subterrâneos, sobretudo para o metrô. Embora muitos tenham se acostumado a ignorar as sirenes, os ataques desta segunda-feira provocaram pânico.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, veem-se dezenas de estudantes correndo e gritando em uma rua do centro da cidade. "Vi seis, sete ou oito explosões no céu. É por isso que vim até aqui com meus colegas de trabalho", disse Maksym, um encanador refugiado na estação de metrô de Khreshchatyk. "Espero o fim do bombardeio", acrescentou.
A Rússia intensificou os ataques aéreos na capital ucraniana desde o início do mês, mas até agora os bombardeios aconteceram em sua maioria durante a noite. "Todo mundo está acostumado com os ataques de noite, quando você está dormindo, em casa. Mas, de dia, é novo. Não acontecia faz tempo", comentou Yevgeny, um programador de informática de 39 anos.
Destroços de mísseis derrubados caíram em pelo menos três bairros localizados nas zonas norte e leste da capital, causando um incêndio, segundo a administração militar.
"Começaram a interceptar mísseis como de costume. Depois, um deles caiu na estrada. Algumas pessoas disseram que incendiou um carro", relatou Dmytro, um morador, em conversa com a AFP.
- Danos em instalação militar -
Na região de Kharkiv, no leste, um bombardeio contra uma pequena localidade deixou sete feridos, incluindo uma grávida e crianças com idades entre 10 e 14 anos, relataram as autoridades.
O governo regional de Khmelnitsky, no oeste, anunciou que um bombardeio russo noturno atingiu uma instalação militar, dando a entender que se tratava de um centro de armazenamento, ou de um aeródromo do Exército.
Esta foi uma das poucas vezes em que autoridades ucranianas reconheceram perdas militares desde que Moscou iniciou a invasão ,em fevereiro de 2022.
Pouco depois desse anúncio, o Ministério russo da Defesa confirmou ter bombardeado "aeródromos" na Ucrânia à noite e de ter "destruído" todos os alvos, incluindo "material aeronáutico" e "instalações que serviam para armazenar armas e munições".
Já as autoridades da região russa fronteiriça de Belgorod informaram a morte de um civil, após um bombardeio ucraniano na localidade de Grafovka.
E.Bekendorp--HHA