EUA pede manutenção dos limites de armas nucleares da Rússia, de olho na China
O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, ofereceu, nesta sexta-feira (2), manter os limites atuais dos estoques de armas nucleares com a Rússia e defendeu colocar a China no centro dos futuros esforços de controle de armas.
Sullivan fez os comentários em um discurso na reunião anual da Associação Nacional de Controle de Armas em Washington, D.C., enquanto descrevia a tentativa do governo Biden de abordar o que chamou de rachaduras "substanciais" e "profundas" na crise nuclear pós-Guerra Fria.
Com o último tratado de controle de armas entre Estados Unidos e Rússia, o Novo START, chegando ao fim em 2026, Sullivan disse que os EUA estão ansiosos para forjar um novo tratado.
Enquanto isso, Washington quer que as duas maiores potências nucleares do mundo cumpram o cerne do tratado: um limite para ambas de 1.550 ogivas.
"Estamos preparados para manter os limites básicos, desde que a Rússia faça o mesmo", disse Sullivan.
Ele também pediu a Moscou que inicie novas negociações para uma estrutura pós-2026. E acrescentou: "Em vez de esperar para resolver todas as nossas diferenças bilaterais, os Estados Unidos estão dispostos a envolver a Rússia agora para administrar os riscos nucleares".
Ao contrário da Guerra Fria, quando havia apenas duas potências nucleares globais, o futuro do controle de armas agora gira em torno do arsenal e da presença global da China, em rápida expansão, disse Sullivan.
"Até 2035, (a China) está a caminho de ter até 1.500 ogivas nucleares, um dos maiores desenvolvimentos nucleares em tempos de paz da história", disse Sullivan, o que significa que "os Estados Unidos terão que deter duas potências nucleares próximas pela primeira vez em sua história".
"Também estamos prontos para nos comprometer com a China sem condições prévias", declarou.
Um funcionário de alto escalão do governo americano disse a repórteres que o "fator China" implica não apenas a necessidade de Washington de lidar diretamente com a ameaça, como também de considerar os efeitos em cascata criados para os aliados nucleares dos Estados Unidos, Reino Unido e França, cujos arsenais são menores e visam, em grande parte, a combater a Rússia.
Os acordos com a China "afetarão, é claro, nossa capacidade de chegar a algum tipo de acordo com os russos", afirmou.
- Caminho difícil -
Com as relações com a Rússia em baixa e quase estagnadas com Pequim, há um caminho difícil pela frente.
A China "optou até agora por não se sentar à mesa para um diálogo substancial sobre o controle de armas. Se recusou a compartilhar o tamanho e o alcance de suas forças nucleares, ou a fornecer notificações de lançamento. E não tem mostrado muito interesse nas discussões sobre mudanças em suas forças nucleares", explicou Sullivan.
Em fevereiro deste ano, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que Moscou suspenderia sua participação no Novo START, um tratado da era da Guerra Fria que limita as ogivas e permite a verificação por ambas as partes.
Ontem, o Departamento de Estado anunciou que tomou medidas recíprocas, ao suspender vários aspectos do tratado, incluindo inspeções "in loco" e troca de dados.
Enquanto oferecia reconstruir os tratados de controle de armas, Sullivan enfatizou que os Estados Unidos vão melhorar, simultaneamente, suas capacidades nucleares.
"Melhorar responsavelmente nossas capacidades de dissuasão nos permite negociar o controle de armamentos de uma posição de força", alegou.
A.Gonzalez--HHA