Aliados da Ucrânia querem fazer a Rússia pagar pela reconstrução do país
A Rússia deverá pagar pela reconstrução da Ucrânia, afirmaram nesta quarta-feira (21) os representantes dos Estados Unidos, Reino Unido e de vários países europeus reunidos em Londres para uma conferência internacional que recebeu promessas de bilhões de dólares para estimular a economia ucraniana, dizimada pela guerra.
"Sejamos claros: a Rússia está provocando a destruição da Ucrânia. E a Rússia acabará assumindo o custo da reconstrução", afirmou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, ao anunciar uma ajuda adicional de Washington, de 1,3 bilhão de dólares (6,2 bilhões de reais), destinada principalmente às infraestruturas essenciais.
"Enquanto a Rússia continuar destruindo, estaremos lá para ajudar a Ucrânia a reconstruir: reconstruir vidas, reconstruir o país, reconstruir o futuro", enfatizou o chefe da diplomacia americana.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que "o agressor deve ser considerado responsável".
"Está claro que a Rússia deve pagar pela destruição que infligiu. Por isto, nós estamos trabalhando com nossos aliados para explorar formas legais de utilizar os ativos russos congelados", que totalizam dezenas de bilhões de dólares, afirmou o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak.
Governantes e representantes de mais de 60 países iniciaram na capital britânica uma reunião de dois dias, que tem como objetivo arrecadar recursos para apoiar a economia de um país submetido a 16 meses de uma guerra devastadora contra as tropas do presidente russo Vladimir Putin.
"Cada dia de agressão russa provoca novas ruínas, milhares e milhares de casas destruídas, indústrias devastadas, vidas queimadas", afirmou o presidente ucraniano Volodimir Zelensky, que abriu a conferência por videoconferência.
A Ucrânia deseja investimento internacional em setores concretos, que vão da tecnologia à agricultura ecológica, explicou Zelensky, antes de destacar que a recuperação do país enviaria uma mensagem contundente ao mundo.
"Será pacífica? Será estável? Será democrática? Depende de todos e de cada um de nós", acrescentou, no momento em que o exército ucraniano tenta, com uma grande contraofensiva, recuperar territórios conquistados pelos russos desde o início da invasão em fevereiro de 2022.
- "Plano Marshall" -
O Banco Mundial calculou em 14 bilhões de dólares (R$ 67 bilhões) as necessidades imediatas da Ucrânia para reparar os danos provocados pela guerra.
Mas a recuperação mais ampla da economia foi avaliada em US$ 441 bilhões (R$ 2,11 bilhões) por um estudo recente do Banco Mundial, ONU, União Europeia e o governo ucraniano. O valor aumentará com a prorrogação do conflito.
O chefe de Governo da Alemanha, Olaf Scholz, comparou em dezembro a ajuda que a Ucrânia precisa ao "Plano Marshall" aplicado pelos Estados Unidos para reconstruir a Europa após a Segunda Guerra Mundial.
A ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, prometeu nesta quarta-feira "381 milhões de euros adicionais para ajuda humanitária em 2023, o que eleva o aporte do país, incluindo a ajuda militar, 16,8 bilhões de euros (R$ 88 bilhões).
Antes do início da conferência, o Reino Unido anunciou um novo plano de apoio de 3 bilhões de dólares (R$ 14,3 bilhões) durante os próximos três anos, na forma de garantias de créditos do Banco Mundial para financiar os serviços públicos ucranianos.
Isto elevará a ajuda britânica não militar a 4,7 bilhões libras (R$ 28,7 bilhões), de acordo com Downing Street.
"A reconstrução da economia ucraniana é tão importante quanto sua estratégia militar", afirmou Sunak, que pediu a contribuição dos investidores de todo o mundo ao esforço.
Esta é a segunda conferência para a reconstrução da Ucrânia, depois de um evento organizado no ano passado na Suíça. Centenas de executivos de grandes empresas e ONGs participam na reunião, que pretende envolver o setor privado.
O encontro será uma oportunidade para lançar oficialmente a "Ukraine Business Compact", iniciativa que convida empresas de todo o mundo a apoiar a reconstrução do país, ao lado das principais instituições financeiras.
O Banco Mundial já se comprometeu com 23 bilhões de dólares (R$ 110 bilhões) de financiamento desde o início do conflito, na forma de empréstimos e subsídios.
X.Nguyen--HHA