Hamburger Anzeiger - Prigozhin chega a Belarus e Otan diz estar pronta para se defender de Moscou e Minsk

Prigozhin chega a Belarus e Otan diz estar pronta para se defender de Moscou e Minsk
Prigozhin chega a Belarus e Otan diz estar pronta para se defender de Moscou e Minsk / foto: Mikhail TERESHCHENKO - SPUTNIK/AFP

Prigozhin chega a Belarus e Otan diz estar pronta para se defender de Moscou e Minsk

Belarus anunciou, nesta terça-feira (27), a chegada do chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, como parte de um acordo que encerrou a rebelião na Rússia, o que levou a Otan a afirmar estar pronta para defender seus membros de "Moscou ou Minsk".

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"Vejo que Prigozhin já está viajando de avião. Sim, efetivamente, hoje está em Belarus", declarou nesta terça-feira (27) o presidente do país, Alexander Lukashenko, em uma declaração ambígua à agência oficial de notícias Belta.

A mídia bielorrussa informou que um avião privado que pertence a Prigozhin havia aterrissado em Minsk nesta terça-feira pela manhã.

O líder do Grupo Wagner estava desaparecido desde o anúncio do fim de sua rebelião no sábado à noite, depois de 24 horas de caos nas quais seus homens tomaram bases militares e marcharam do sudoeste da Rússia, perto da fronteira com a Ucrânia, em direção a Moscou, antes de desistir repentinamente.

Embora as repercussões da rebelião deste ex-aliado de Vladimir Putin sejam incertas, o Kremlin nega que o presidente russo tenha saído enfraquecido da crise, a pior em seus quase 25 anos no poder.

O líder russo agradeceu nesta terça-feira aos militares que, segundo ele, impediram uma "guerra civil".

"Vocês se opuseram a esses distúrbios, cujo resultado teria sido inevitavelmente o caos", destacou em uma cerimônia com militares em Moscou.

Putin respeitou um minuto de silêncio em homenagem aos pilotos do Exército abatidos pelos insurgentes enquanto "cumpriam com honra seu dever".

A rebelião levou a sociedade a "se unir em torno do presidente", disse o Kremlin. "O Exército e o povo não estavam do lado" dos amotinados, insistiu Putin.

No entanto, o opositor russo Alexei Navalny, atualmente preso, considerou que a revolta de Wagner demonstra que o poder de Putin é uma "ameaça para a Rússia".

"É tão perigoso para o país que mesmo o seu inevitável colapso representa uma ameaça de guerra civil", afirmou.

- Desarmar o Grupo Wagner -

O Ministério da Defesa da Rússia anunciou nesta terça "preparativos para transferir ao Exército os equipamentos militares pesados do Grupo Wagner às unidades ativas das Forças Armadas".

A medida parece ter como objetivo neutralizar o Grupo Wagner, uma milícia que, até agora, atuava sob instruções do Kremlin na Ucrânia, Síria e vários países africanos.

Apesar de as autoridades russas terem negado diversas vezes qualquer relação com o Grupo Wagner, Putin afirmou nesta terça que o Estado havia "financiado completamente" esse exército privado, pagando-lhe no ano passado mais de 1 bilhão de dólares (aproximadamente R$ 5,2 bilhões na cotação da época).

Na segunda-feira, o presidente russo havia denunciado a "traição" deste grupo, ao mesmo tempo em que assegurou que seus combatentes poderiam se unir ao Exército, retornar para suas casas ou seguir para Belarus.

Em uma crítica velada a Putin, Lukashenko considerou que a rebelião foi resultado da má gestão das rivalidades entre o Grupo Wagner e o Exército russo, que aumentaram consideravelmente desde o início do conflito na Ucrânia.

O mandatário bielorrusso também afirmou que seu país poderia aproveitar "a experiência" dos combatentes do Grupo Wagner que se exilaram no país.

Diante dessas movimentações, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, advertiu que a aliança está preparada para se defender contra qualquer um dos dois países.

"Enviamos uma mensagem clara a Moscou e Minsk: a Otan está lá para proteger cada aliado e cada pedaço do território da Otan", declarou durante um jantar em Haia com sete chefes de Estado ou de governo dos Estados membros da Aliança.

"Não há lugar para mal-entendidos em Moscou ou Minsk sobre nossa capacidade de defender os aliados contra qualquer ameaça potencial", acrescentou.

- Restaurante bombardeado -

Segundo Putin, o levante não forçou a retirada de suas tropas na Ucrânia, que realizaram um ataque contra a cidade de Kramatorsk (leste), deixando quatro mortos e 47 feridos.

O ataque com foguetes atingiu em particular um restaurante popular nesta cidade, um centro importante para soldados e jornalistas no leste da Ucrânia.

Entre os atingidos estão o ex-comissário de paz da Colômbia Sergio Jaramillo e seu compatriota, o escritor Héctor Abad Faciolince, que sofreram "ferimentos leves", afirmaram ambos em comunicado.

Os dois estavam no restaurante Ria Pizza juntamente com a jornalista colombiana Catalina Gómez, também com ferimentos leves, e a escritora ucraniana Victoria Amelina, "em estado crítico devido a uma lesão craniana, provavelmente causada pelos vidros e vigas que foram arremessados", explicaram.

Um jornalista da AFP viu uma importante movimentação de ambulâncias, policiais e militares, assim como vários moradores reunidos em frente ao restaurante bombardeado.

Coberto de poeira, o cozinheiro Roslan, de 32 anos, disse que, no momento do ataque, "havia bastante gente" no restaurante e apontando para si próprio, afirmou: "Tive sorte".

Kramatorsk, cidade de 150 mil habitantes antes da guerra, é o último grande centro urbano sob controle ucraniano no leste do país e fica a cerca de 30 km da linha de frente.

Com apoio financeiro e de equipamento militar enviado pelas potências ocidentais, a Ucrânia lançou há algumas semanas uma contraofensiva para tentar recuperar territórios tomados pela Rússia.

Também nesta terça, os Estados Unidos anunciaram um pacote adicional de US$ 500 milhões (aproximadamente R$ 2,4 bilhões na cotação atual) em armamento para reforçar a contraofensiva de Kiev, que incluiria cerca de 50 veículos blindados e munições de precisão para os sistemas de defesa antiaérea Patriot e de artilharia Himars.

O.Zimmermann--HHA