Netanyahu está bem de saúde após cirurgia e antes de votação crucial em Israel
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que está "muito bem" depois de passar por uma cirurgia para implantar um marca-passo neste domingo (23), véspera da votação no Parlamento de uma polêmica reforma judicial que levou dezenas de milhares de manifestantes às ruas.
O Parlamento deve votar na segunda-feira um projeto de lei que limitaria a capacidade dos juízes da Suprema Corte de anular decisões do governo que considerem "irrazoáveis".
Horas antes do início do debate, o gabinete de Netanyahu anunciou que o primeiro-ministro de 73 anos se submeteria a uma cirurgia para colocar um marca-passo, dias depois de ser hospitalizado por uma tontura.
Na tarde deste domingo, Netanyahu agradeceu a seus apoiadores pela preocupação e aos médicos do Sheba Center por seus cuidados. "Como podem ver, estou muito bem", disse ele em um vídeo. Apesar da operação, prometeu estar presente na votação.
O hospital confirmou que sua condição era boa. "Ele permanecerá sob supervisão médica no departamento de cardiologia", afirmou em um comunicado.
A reforma judicial proposta por seu governo de extrema direita dividiu a nação e, desde sua apresentação em janeiro, provocou um dos maiores movimentos de protesto da história de Israel.
Os opositores veem a reforma como uma ameaça à democracia.
"Queremos continuar vivendo em um Estado judeu e democrático", declarou o líder da oposição, Yair Lapid, no início do debate. "Devemos acabar com esta lei", insistiu.
- Cláusula de "razoabilidade" -
O debate deve durar várias horas e votação final será sobre a chamada cláusula de "razoabilidade", por meio da qual os juízes podem anular as decisões do governo.
O governo de Netanyahu, que inclui aliados de extrema direita e ultraortodoxos, tenta restringir os poderes da Suprema Corte concedidos sob esta cláusula.
O argumento é de que essa mudança é necessária para garantir um melhor equilíbrio de poderes.
Os opositores acusam o primeiro-ministro, que está sendo julgado por corrupção, de querer usar essa reforma para anular possíveis julgamentos contra ele, o que ele nega.
Os protestos atraíram o apoio tanto da esquerda quanto da direita, grupos seculares e religiosos, ativistas pela paz e reservistas militares, além de artesãos e trabalhadores do setor de tecnologia, fundamental para a economia do país.
No início do domingo, centenas de manifestantes oraram no Muro das Lamentações. Carregando bandeiras israelenses, muitos também formaram uma corrente humana em diferentes locais de Jerusalém, inclusive em frente ao Portão de Jaffa, na Cidade Velha.
"Temos que manter a pressão, temos que proteger nossa democracia", disse à AFP Amir Goldstein, um manifestante que passou a noite em uma barraca perto do Parlamento.
Dezenas de milhares de pessoas como ele se manifestaram em Jerusalém no sábado. Muitos chegaram de Tel Aviv depois de marchar por vários dias, outros usavam camisetas com a palavra "Democracia" impressa nelas.
Os manifestantes também obtiveram o apoio de mais de 1.100 reservistas da Força Aérea, incluindo pilotos de caça, que ameaçaram suspender seu serviço voluntário se a reforma for aprovada.
E.Gerber--HHA