Socialistas e conservadores espanhóis empatados nas eleições legislativas
Os socialistas (PSOE) do presidente do governo em exercício, Pedro Sánchez, e os conservadores do Partido Popular (PP) permanecem em uma disputa acirrada após a apuração de 80% dos votos das eleições legislativas deste domingo (23) na Espanha, de acordo com a contagem oficial.
Às 22h25 do horário local (17h25 em Brasília), o PP tinha 132 deputados e o PSOE 125, enquanto seus respectivos aliados potenciais, o partido de extrema direita Vox e o de esquerda radical Somar, conquistaram 33 e 31 cadeiras, respectivamente.
"Estamos muito, muito próximos", explicou uma apoiadora do PP, Ana Paños, joalheira de 43 anos, à AFP, que, no entanto, confessou seu "otimismo".
A maioria absoluta é de 176 e o PSOE parece ter mais opções para contar com o apoio de partidos menores, principalmente nacionalistas bascos e catalães.
- Maior participação do que em 2019 -
As urnas foram fechadas às 20h00 (15h00 em Brasília) e duas horas depois mais da metade dos votos dessas eleições antecipadas já havia sido contabilizada, nas quais 37,5 milhões de eleitores foram convocados para renovar os 350 assentos do Congresso dos Deputados por mais quatro anos e eleger 208 senadores.
Em um dia de muito calor no verão, os centros de votação estiveram muito movimentados nas primeiras horas, e a participação durante todo o dia foi de quase 70%, superior à das eleições de 2019 (66,23%).
Devido às férias, principalmente, 2,5 milhões de pessoas votaram por correio, um recorde.
Após votar em Madri, o líder de direita Alberto Núñez Feijóo afirmou que "a Espanha pode iniciar uma nova era".
"O que vai acontecer aqui hoje será muito importante, não apenas para nós, logicamente, mas também para o mundo e para a Europa", disse, por sua vez, o presidente do governo em exercício, o socialista Pedro Sánchez, no cargo há cinco anos.
A possibilidade de uma aliança entre a direita e o partido ultranacionalista e ultraconservador Vox, que questiona a noção de violência de gênero, é cético em relação às mudanças climáticas, é abertamente antiaborto e rejeita o movimento LGBTQIA+, despertou grande interesse fora da Espanha.
Isso significaria o retorno da extrema direita ao poder pela primeira vez desde a ditadura de Francisco Franco (1939-1975).
Se confirmada essa guinada à direita na quarta maior economia da União Europeia (UE), após o ocorrido na Itália no ano passado, seria um novo golpe para a esquerda, que atualmente governa em apenas meia dúzia dos 27 países membros do bloco, a menos de um ano das eleições parlamentares europeias.
Um golpe tanto mais simbólico no país que atualmente detém a presidência semestral da UE.
- Bloqueio? -
"Para a Espanha, um governo de coalizão do PP e Vox seria benéfico, pois se concentraria mais em melhorar" o país, estimou a AFPTV Brayan Sánchez, um informático de 27 anos, de origem equatoriana, que votou em Barcelona.
Se no final não houver uma maioria viável, nem de direita nem de esquerda, o país será forçado a organizar novas eleições dentro de alguns meses.
O PP já fez acordos nas últimas semanas com governos locais e regionais do Vox, após as eleições municipais de maio.
Nos dias que antecederam as eleições, Feijóo disse que uma coalizão com o Vox "não é o ideal".
Sánchez, que convocou essas eleições antecipadas após a derrota da esquerda nas eleições municipais de maio, disse que tal possibilidade seria "um retrocesso para a Espanha", com a direita e a extrema direita prometendo reverter grande parte das medidas legislativas aprovadas nos últimos anos.
A.Baumann--HHA