Negociações na Espanha buscam novas eleições e evitar bloqueio político
Após eleições que não concederam maioria conclusiva, o presidente do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, e seu adversário conservador, Alberto Núñez Feijóo, vão iniciar negociações para tentar evitar outras eleições.
A quarta maior economia da Europa parecia caminhar para um bloqueio político depois que no domingo (23), desafiando todas as pesquisas que previam sua derrota, Sánchez conseguiu limitar o avanço da oposição de direita.
O Partido Popular de Feijóo (PP, conservadores) conquistou 136 cadeiras de um total de 350 no Congresso dos Deputados, enquanto o Vox, partido de extrema direita, seu único aliado potencial, conquistou 33.
Portanto, juntos somam 169 cadeiras, longe da maioria absoluta de 176 que permite a formação de um governo.
Por outro lado, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de Sánchez, conquistou 122 cadeiras e o Sumar, seu aliado de esquerda radical, 31.
Embora juntos sejam 153, menos do que a direita e o Vox, eles têm mais chances de permanecer no poder e obter os votos dos partidos regionais basco e catalão, que já os apoiam regularmente no Congresso.
- "Bloquear a Espanha" -
O resultado das eleições "marcará o início de um período de incerteza política que durará meses", alertou Federico Santi, especialista do Eurasia Group.
Na noite de domingo, diante de seus apoiadores reunidos na sede do PP em Madri, Feijóo reivindicou o direito de formar governo como o "candidato do partido mais votado".
Feijóo, que disse querer evitar "um período de incerteza", pediu aos socialistas que evitem "a tentação de voltar a bloquear a Espanha".
"O cenário é muito complicado, sem dúvida, mas temos que avançar" e negociar, "porque se não, o cenário a que podemos ir também é muito preocupante, seja o bloqueio ou a repetição das eleições", disse na manhã desta segunda-feira à rádio Onda Cero o porta-voz do PP, Borja Sémper.
Sem maioria absoluta com o Vox, Feijóo quer governar em minoria, mas para isso precisaria da abstenção dos socialistas na votação de posse no Parlamento, algo que os socialistas já disseram que não farão.
- "Não passarão" -
Perante alguns apoiadores eufóricos que gritavam "Não passarão", o conhecido slogan antifascista da Guerra Civil (1936-1939), na noite de domingo o presidente do governo, Pedro Sánchez, manifestou confiança na sua capacidade para continuar à frente de Espanha.
O PP e o Vox, "(...) foram derrotados", lançou Sánchez em um pódio em frente à sede do PSOE em Madri. "Muitos de nós querem que a Espanha avance e assim será", acrescentou.
Com 153 deputados, a aliança do PSOE e Sumar vai precisar do apoio de vários partidos regionais, como os catalães do ERC (7 cadeiras), dos bascos do PNV (5) ou do Bildu (6), este último considerado o herdeiro político do extinto grupo separatista ETA.
Mas a chave é que o PSOE e a Sumar também terão que garantir a abstenção do JxCat (7 cadeiras), partido do separatista catalão Carles Puigdemont, que foi para a Bélgica para fugir da Justiça espanhola por seu papel na fracassada secessão catalã em 2017.
"Não vejo a candidatura (de Sánchez) em nenhum lugar agora", alertou nesta segunda-feira o secretário-geral da JxCat, Jordi Turull.
Se Sánchez conseguir superar esse obstáculo, poderá reunir um total de 172 deputados, mais do que o líder conservador, portanto, se o JxCat se abstiver, poderá conseguir a eleição na segunda votação do Congresso, onde são necessários apenas mais "sim" do que "não".
E.Borstelmann--HHA