Rússia diz ter derrubado mísseis e drones ucranianos na região da Crimeia
A Rússia afirmou, neste sábado (12), que derrubou 20 drones ucranianos perto da Crimeia e dois mísseis sobre uma estratégica ponte dessa península anexada em 2014.
"As forças de defesa antiaérea derrubaram dois mísseis inimigos perto do Estreito de Kerch. A ponte da Crimeia não foi danificada", disse o governador nomeado pela Rússia, Sergei Aksionov, no Telegram.
O Ministério russo da Defesa também relatou a derrubada de 20 drones ucranianos perto da Crimeia, 14 deles por sistemas de defesa antiaérea, e seis, por meios eletrônicos.
Os ataques frustrados não causaram danos materiais, nem deixaram vítimas, acrescentou.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, descreveu as incursões ucranianas como "ataques terroristas" que "não ficarão sem resposta".
Construída por ordem do presidente russo, Vladimir Putin, após a anexação da Crimeia em 2014, a ponte foi alvo de ataques ucranianos em diversas ocasiões.
O último ataque deles, em julho, causou danos significativos no trecho rodoviário da estrutura, que também serve para transportar equipamento militar para o Exército russo que combate na Ucrânia.
- De olho no Ártico -
O ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, viajou para o Ártico, outra região onde Moscou reforça seu dispositivo militar, mesmo antes do iníciop do conflito na Ucrânia.
Shoigu "inspecionou as guarnições remotas da frota do Norte no Ártico" e a preparação dos soldados para "defender instalações particularmente importantes" nesta área estratégica para Moscou, disse o ministério no Telegram.
Acompanhado do chefe da agência nuclear da Rússia (Rosatom), Alexei Likachev, o ministro russo também inspecionou um campo de testes de armas nucleares.
A Rússia aumentou, consideravelmente, seu potencial militar no Ártico nos últimos anos, mesmo antes do conflito na Ucrânia. Reabilitou, nessa remota região, várias bases abandonadas desde os tempos soviéticos e implantou armamento avançado, como sistemas antiaéreos S-400.
Rica em reservas de hidrocarbonetos, a região também desperta o interesse de Moscou pela Passagem do Nordeste, que pode se tornar uma rota marítima entre a Europa e a Ásia caso ocorra o derretimento das geleiras devido ao aquecimento global.
A Rússia vê como uma ameaça a entrada na OTAN de outros dois países do Ártico, com o ingresso da Finlândia à aliança militar em abril e a possível entrada da Suécia nos próximos meses.
- Avanços russos no nordeste -
A Ucrânia foi alvo de novos bombardeios russos no sábado. Um policial morreu, e outras 12 pessoas ficaram feridas, na região de Zaporizhzhia (sul).
Três drones Shahed de fabricação iraniana foram destruídos nessa mesma área e houve um ataque com mísseis a Krivoy Rog, cidade natal do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, sem causar vítimas, segundo autoridades locais.
Na região de Kharkiv (nordeste), um bombardeio matou um homem, segundo as autoridades locais.
O Exército russo disse na sexta-feira que "melhorou" suas posições no nordeste da Ucrânia, onde sua ofensiva forçou a retirada de civis e bombardeou o oeste do país com quatro mísseis hipersônicos.
A Ucrânia lançou uma contraofensiva em junho, depois de receber um reforço militar significativo das potências ocidentais, mas reconheceu dificuldades ante a resistência das tropas russas.
Ontem, a União Europeia (UE) anunciou a entrega de 223.800 obuses a Kiev, como parte da primeira parte de um plano aprovado em março.
O plano de 2 bilhões de euros (cerca de 2,2 bilhões de dólares, ou 10,9 bilhões de reais, na cotação atual) inclui o envio para a Ucrânia de um milhão de obuses de 155 mm das reservas deste ano dos Estados-membros da UE e de um fundo comunitário criado para o fornecimento de armas a Kiev.
M.Huber--HHA