Correísmo: a fórmula de González para recuperar a paz no Equador
Para restabelecer a paz em um dos países mais violentos das Américas, a candidata à presidencia Luisa González conhece apenas uma receita: o retorno ao poder no Equador das forças socialistas do ex-presidente Rafael Correa, seu padrinho político.
Advogada de 45 anos, maratonista, ciclista e amante de tatuagens, ela concorre às eleições para defender o legado de Correa.
Em 2017, quando terminou seu mandato de 10 anos, o influente ex-presidente socialista se sentiu traído por Lenín Moreno, que foi seu vice por seis anos. Em 2021 apostou em Andrés Arauz, mas perdeu para o atual presidente Guillermo Lasso, que antecipou as eleições para o próximo domingo (20), encurralado por um julgamento político.
O vencedor das eleições governará até 2025.
As eleições estão marcadas pelo assassinato, em 9 de agosto, do candidato Fernando Villavicencio, ferrenho opositor do correísmo. Um crime que pesa sobre a única candidata mulher na disputa pelas eleições.
Apoiadores do candidato assassinado denunciam, sem provas, os supostos vínculos de Correa com o ataque.
González garante que a prioridade de seu eventual governo será combater a "gravíssima infiltração do tráfico de drogas" no Equador e recuperar os baixos índices de mortes violentas registradas no governo Correa, acusado por seus opositores de conluio com gangues criminosas.
Favorita nas pesquisas, embora sem o índice de votos suficiente para evitar um segundo turno (40%), esta cristã diz não temer pela vida e se recusa a usar um colete à prova de balas.
Pergunta: O Equador é um país tomado pelo tráfico de drogas?
Resposta: "Sim, há uma infiltração gravíssima do tráfico no governo. O Equador nunca foi um país exportador de cocaína. Hoje, 60% das drogas que entram na Europa o fazem pelo porto de Antuérpia (Bélgica) e pelo porto de Guayaquil (sudoeste). Por que? Porque não há força pública que controle a fronteira" com a Colômbia, principal produtor de cocaína (...). O presidente Rafael Correa já se reuniu com o presidente (de esquerda) Petro para começar a trabalhar".
P: Como esse país que você diz que o ex-presidente Correa deixou se transformou no que é agora?
R: "É uma pena, mas construir uma casa leva meses ou anos (...). Quanto tempo demora para destruí-la? Pode levar uma hora, duas, foi o que fizeram com a gente no Equador (...) geraram desemprego. Quando o desemprego aumenta, o crime e a violência aumentam".
P: Você teme por sua vida?
R: "Toda a campanha foi muito arriscada. Acho que aqueles ao meu redor temem mais pela minha segurança. Queriam me obrigar a vestir um colete a prova de balas (...). Sou uma mulher cristã e creio que a vida e a morte estão nas mãos de Deus".
P: Como controlará a violência em apenas um ano e meio de governo?
R: "Eu disse claramente, é muito pouco tempo para resolver os problemas do país (...). Tudo o que fizemos em 10 anos foi destruído em duas horas. Encontro um país de joelhos, vamos começar a colocá-lo de pé.
Em um ano e meio vamos controlar a segurança do país, os presídios, as fronteiras, também vamos começar a gerar saúde, emprego, educação. Com isso, também vamos reduzir a violência comum".
P: Em um eventual segundo turno, será uma disputa entre direita e esquerda?
R: "É uma disputa: o país destruído que nos deixaram e um país de esperança, de dignidade".
P: Terá independência de seu mentor Rafael Correa?
R: "Já disse publicamente que Rafael Correa será um dos meus assessores (...), mas mesmo que você tenha um líder em um partido político, isso não significa que esse líder vai impor tudo. Na Revolução Cidadã, Rafael Correa nunca impôs nada, tudo foi decidido por decisões do gabinete".
E.Borstelmann--HHA