Hamburger Anzeiger - Comandantes militares da África Ocidental se reúnem para eventual intervenção no Níger

Comandantes militares da África Ocidental se reúnem para eventual intervenção no Níger
Comandantes militares da África Ocidental se reúnem para eventual intervenção no Níger / foto: PHILIPPE DESMAZES - AFP/Arquivos

Comandantes militares da África Ocidental se reúnem para eventual intervenção no Níger

Os comandantes militares da África Ocidental se reuniram em Gana, nesta quinta-feira (17), para coordenar uma eventual intervenção armada contra o golpe no Níger ocorrido no final de julho.

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"A democracia é o que defendemos e o que encorajamos", disse o chefe do Estado-Maior da Nigéria, general Christopher Gwabin Musa, durante a reunião da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) na capital de Gana, Acra.

Ainda que a opção de uma intervenção armada continue sobre a mesa, a Cedeao parece dar prioridade ao diálogo com o regime militar que depôs o presidente nigerino, Mohamed Bazoum, em 26 de julho, e colocou o general Abdurahaman Tiani à frente do país.

"O objetivo do nosso encontro não é simplesmente reagir aos acontecimentos, mas traçar, de forma proativa, um caminho que leve à paz e que promova a estabilidade" no Níger, disse ele.

O encontro de dois dias dos comandantes do Estado-Maior ocorre depois de um novo episódio de violência neste país atingido pela insurgência jihadista, com uma emboscada de militantes islâmicos que matou pelo menos 17 militares.

No plano diplomático, a Alemanha elevou o tom nesta quinta-feira e pediu à União Europeia (UE) que adote "sanções" contra os autores do golpe no Níger, país fundamental para o abastecimento do continente europeu em urânio.

"Após a suspensão da cooperação de desenvolvimento e segurança, queremos implementar na UE sanções contra os golpistas", escreveu o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha no X (antigo Twitter).

O bloco de países da África Ocidental já tomou medidas de retaliação contra os autores do golpe que "afetam fortemente o abastecimento de alimentos vitais e suprimentos médicos do Níger", alertou na quarta-feira o Programa Mundial de Alimentos (PMA).

- "Processo de transição" -

Os apelos a uma solução pacífica para a crise multiplicaram-se nos últimos dias, alguns vindos de aliados ocidentais como os Estados Unidos, que na quarta-feira anunciaram a nomeação de uma nova embaixadora no Níger.

Paralelamente, o novo regime nigerino também busca aliados na região.

O primeiro-ministro nomeado pelos militares, Ali Mahaman Lamine Zeine, visitou na terça-feira o vizinho Chade, um país importante do Sahel que não faz parte da Cedeao.

"Estamos em um processo de transição, discutimos os detalhes e reiteramos a nossa disponibilidade para nos mantermos abertos e dialogarmos com todas as partes, mas insistimos na independência do nosso país", disse Zeine.

O Chade, potência militar na região do Sahel, anunciou na semana passada que não participará de nenhuma intervenção militar ao lado da Cedeao, à qual não pertence.

E os vizinhos Mali e Burkina Faso, também liderados por militares que chegaram ao poder por meio de golpes (em 2020 e 2022, respectivamente), foram rápidos em mostrar solidariedade aos generais nigerinos.

Estes últimos mantêm prisioneiro o presidente Bazoum, a quem planejam processar por "alta traição".

A eleição de Bazoum em 2021 foi um marco na história do Níger, pois foi a primeira transição pacífica de poder desde a independência da França em 1960.

Antes de ser preso e deposto por sua guarda presidencial, Bazoum havia superado duas tentativas de golpe.

O novo regime considera que qualquer intervenção militar contra o seu país constituiria uma "agressão ilegal e sem sentido" e prometeu uma "resposta imediata" a qualquer ofensiva.

P.Meier--HHA