Aumenta pressão sobre presidente da Federação Espanhola por beijo em Jenni Hermoso
O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, aumentou a pressão, nesta terça-feira (22), sobre o presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, ao considerar como um "gesto inaceitável" o beijo que o cartola deu na jogadora Jenni Hermoso após a final da Copa do Mundo de futebol feminino.
"Acho que o que vimos foi um gesto inaceitável", disse Sánchez em uma breve coletiva de imprensa após uma reunião com o rei Felipe VI.
"Também acredito que as desculpas que o senhor Rubiales deu não são suficientes, acho até mesmo que não são adequadas e que, portanto, ele deve continuar tomando medidas", acrescentou, sem mencionar uma possível renúncia.
Rubiales, acostumado a superar polêmicas, parece enfrentar uma das crises mais sérias desde que chegou ao cargo, em 2018, em um país que fez da luta contra as agressões sexistas uma bandeira.
Ao parabenizar Jenni Hermoso pela conquista do título mundial durante a entrega das medalhas, Rubiales deu um beijo na boca da jogadora, cujas imagens despertaram surpresa e rodaram o mundo.
- "Celebração espontânea" -
"Nem eu esperava", declarou Jenni Hermoso à rádio Cope após a partida, acrescentando que "foi a efusão do momento".
A jogadora já havia aparecido em um vídeo que mostra a comemoração da equipe no vestiário. "Não gostei, hein!", advertiu Hermoso, no que parece ser sua resposta às piadas das companheiras.
"É uma celebração espontânea que sai assim, os dois são muito amigos", disseram à AFP fontes da RFEF.
O gesto do dirigente manchou a conquista da primeira Copa do Mundo da seleção feminina da Espanha, após a vitória sobre a Inglaterra por 1 a 0 na final.
A ação de Rubiales foi criticada em diversos meios de comunicação, que também apontaram seus gestos no palco do Stadium Australia após a conquista do título.
Nas mesmas imagens, ele é visto comemorando pulando, levantando os braços e tocando as genitálias a poucos metros da rainha Letizia.
Na manhã de segunda-feira (21), o ministro da Cultura e dos Esportes da Espanha, Miquel Iceta, qualificou o beijo como "inaceitável" e exigiu que Rubiales "desse explicações e pedisse desculpas".
- Desculpas -
Naquela mesma tarde de segunda, o presidente da RFEF se desculpou por suas atitudes no pódio em um vídeo gravado em uma escala durante sua viagem de volta à Espanha.
"Há um fato que tenho que lamentar e é o que aconteceu entre uma jogadora e eu, com uma magnífica relação entre ambos, assim como com outras, pelo que com certeza me equivoquei", disse o dirigente, em referência a seu beijo em Hermoso.
Rubiales alegou no vídeo que foi "um momento de máxima efusividade" e que "se há pessoas que se sentiram atingidas, tenho que me desculpar".
Na segunda-feira, a ministra do Trabalho e número três do governo Sánchez, Yolanda Díaz, foi a primeira a afirmar que essas desculpas "não servem de nada" e que Rubiales "deve renunciar".
A Associação de Jogadores Espanhois (AFE), que reúne jogadores e jogadoras, pediu em um comunicado nesta terça que "as autoridades competentes adotem as medidas necessárias e contundentes" diante da "gravidade" do ocorrido.
A AFE recordou que "o Protocolo de atuação frente à violência sexual do Conselho Superior de Esportes inclui 'beijar à força' (...) como 'conduta inaceitável' que levará a consequências imediatas'".
Perguntado diretamente nesta terça-feira se o governo poderia realizar alguma ação para forçar a renúncia do presidente da RFEF, Pedro Sánchez recordou que "a Federação Espanhola de Futebol, como qualquer outra federação, não pertence à estrutura nem ao organograma do Governo da Espanha".
"O presidente da vez da Federação é eleito e destituído por seus associados", mas "nos parece insuficiente [as desculpas de Rubiales] e é preciso dar mais passos para esclarecer um comportamento claramente inaceitável", acrescentou Sánchez.
E.Gerber--HHA