ONU: guerra e fome ameaçam 'destruir' o Sudão
A guerra e a fome ameaçam "destruir" todo o Sudão, cenário desde 15 de abril de combates violentos entre o exército e paramilitares, alertou a ONU em um comunicado divulgado nesta sexta-feira (25).
"A guerra no Sudão está alimentando uma emergência humanitária de proporções épicas", advertiu o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths.
"O conflito que se prolonga - e a fome, as doenças e os deslocamentos que provocam - ameaça destruir todo o país", acrescentou Griffiths.
O Sudão enfrenta, desde 15 de abril, combates violentos entre o Exército e os paramilitares.
A ONG ACLED registrou 5.000 mortes na guerra, mas o balanço real pode ser muito superior porque várias regiões estão isoladas e nenhum lado do conflito divulga suas baixas.
Além disso, nos quatro meses de conflito, mais de 4,6 milhões de pessoas foram obrigadas a fugir de suas casas, um milhão delas para países vizinhos e 380 mil se refugiaram no Chade, segundo Médicos Sem Fronteiras (MSF).
"Em alguns lugares não há mais comida. Centenas de milhares de crianças sofrem desnutrição grave e enfrentam a morte iminente caso não recebam tratamento", destacou Griffiths.
Em coletiva de imprensa em Genebra, o porta-voz do Gabinete da ONU para a Coordenação dos Assuntos Humanitários, Jens Laerke, indicou que a ONU enfrenta dois problemas: a falta de recursos e a dificuldade de acesso à população, devido à insegurança e a "obstáculos burocráticos" que impedem a chegada da ajuda humanitária.
Vários contêineres estão bloqueados em Porto Sudão, onde a ONU estabeleceu o seu centro logístico, e não são concedidos vistos suficientes às Nações Unidas para que o pessoal necessário entre no país, disse ele.
A ONU recebeu apenas 26% dos 2,6 bilhões de dólares (12,6 bilhões de reais) solicitados para financiar a ajuda este ano ao Sudão, ou seja, 666 milhões de dólares (3,2 bilhões de reais), cujos principais doadores são os Estados Unidos e a Comissão Europeia.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 20,3 milhões de pessoas no Sudão, mais de 42% da população, sofrem de elevados níveis de insegurança alimentar aguda desde julho.
Doenças como sarampo, malária e dengue espalham-se por todo o país e a maioria das pessoas não tem acesso a tratamento médico.
"O conflito desmantelou o setor da saúde, deixou os hospitais fora de serviço", destaca Martin Griffiths.
Ch.Tremblay--HHA