Combates entre ELN e dissidentes das Farc deixam nove mortos na Colômbia
Nove pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas, entre elas uma indígena de 14 anos, em confrontos entre dissidentes das Farc e guerrilheiros do ELN na Colômbia, informou o governador do departamento (estado) de Arauca nesta segunda-feira (4).
Insurgentes do ELN, que está em negociações com o governo, e dissidentes das Farc que se recusaram a assinar o acordo de paz de 2016 enfrentam-se desde o fim de semana no município de Puerto Rondón, na fronteira com a Venezuela.
Em um vídeo enviado aos meios de comunicação, o governador Wilinton Rodríguez não especificou se os mortos e feridos são guerrilheiros ou civis. O incidente “é diretamente atribuído ao grupo armado organizado ELN", que se reúne com delegados do governo em Caracas como parte do processo de paz, e ao chamado Estado Maior Central (EMC) das dissidências das Farc, acrescentou.
Ambas as organizações ilegais buscam chegar a um acordo sobre o seu desarmamento em processos de paz com o presidente colombiano, Gustavo Petro. Apesar da aproximação com o governo de esquerda, o confronto entre os dois grupos continua, principalmente no departamento de Arauca, que, diante da ausência do Estado, é um território-chave para o tráfico de cocaína e minerais extraídos ilegalmente.
- Vídeo incomum -
Vídeos divulgados em redes sociais mostram uma cena incomum, de um comandante dissidente das Farc pedindo ajuda humanitária para atender os guerrilheiros do ELN feridos em combate.
Em uma área de floresta, cinco combatentes estão caídos no chão, três deles feridos. O comandante dissidente conhecido como Antonio Medina pede ajuda à Cruz Vermelha Internacional e a uma comissão do governo para atender os lesionados.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) afirmou que participou da remoção de pessoas feridas em combate no fim de semana, na zona rural de Arauca", sem informar o número, nem se eram todos combatentes.
Em janeiro de 2022, 23 pessoas morreram em combates entre as duas organizações. A troca de tiros obrigou centenas de habitantes da região a se deslocar.
A força pública mantém um cessar-fogo com o ELN desde o mês passado. No último sábado, os dissidentes do EMC concordaram com o governo em retomar a trégua suspensa em maio, mas as partes não especificaram quando essa medida entrará em vigor.
Segundo dados oficiais, o ELN, fundado em 1964, era o maior grupo ilegal da Colômbia em 2022, com 5.851 membros. Já o EMC contava com 3.540, e, segundo especialistas, seu poder cresce por causa do recrutamento forçado.
E.Gerber--HHA