Hamburger Anzeiger - Líder norte-coreano, Kim Jong-un, chega à Rússia para se reunir com Putin

Líder norte-coreano, Kim Jong-un, chega à Rússia para se reunir com Putin
Líder norte-coreano, Kim Jong-un, chega à Rússia para se reunir com Putin / foto: STR - KCNA VIA KNS/AFP

Líder norte-coreano, Kim Jong-un, chega à Rússia para se reunir com Putin

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, chegou à Rússia, nesta terça-feira (12), para se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin, um encontro que, segundo os Estados Unidos, poderia levar a um acordo de venda de armas para apoiar a ofensiva russa na Ucrânia.

Tamanho do texto:

Os dois líderes devem conversar sobre "temas sensíveis" nos próximos dias, segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Kim Jong-un, que saiu no domingo à noite de Pyongyang a bordo de um trem blindado, está fazendo sua primeira viagem ao exterior desde o começo da pandemia da covid-19. Em sua última viagem ao estrangeiro, já havia se reunido com Putin em Vladivostok, em 2019.

Espera-se que Kim se reúna com Putin nos próximos dias em algum lugar do extremo-oriente russo. Moscou não especificou a data, nem o local, da reunião,

As autoridades russas divulgaram imagens que mostram o líder norte-coreano sendo recebido por uma delegação e uma guarda de honra na estação de trem de Khasan, perto da fronteira.

Segundo o governador da região de Primorie, Oleg Kozhemyako, Kim Jong-un se reuniu durante esta escala com o ministro russo de Ecologia e Recursos Naturais, Alexander Kozlov.

"Uma visita deste nível é uma boa mensagem para o desenvolvimento (...) de contatos diretos com nossos colegas na Coreia do Norte", disse Kozhemyako no Telegram.

No momento, Vladimir Putin está em Vladivostok para um fórum econômico anual que termina na quarta-feira e não comentou a visita. Apenas disse que iria em breve ao cosmódromo de Vostochny, a 1.000 quilômetros de distância em linha reta de Vladivostok, mas se negou a dizer o que planeja fazer no local.

- Armamento -

Peskov também disse à imprensa russa que os líderes discutiriam temas "sensíveis", sem dar atenção às "advertências americanas".

Washington teme que Moscou obtenha armas da Coreia do Norte para suas operações militares na Ucrânia. Pyongyang está sob sanções internacionais, devido aos seus programas nucleares e de mísseis.

"Na construção das nossas relações com nossos vizinhos, incluindo a Coreia do Norte, o importante para nós é o interesse dos nossos dois países, e não as advertências de Washington", disse Peskov.

Segundo o jornal sul-coreano Chosun Ilbon, são necessárias pelo menos 20 horas para conectar Pyongyang a Vladivostok, supondo que o trem especial, blindado e muito pesado de Kim alcance os 60km/h.

O líder vai acompanhado de funcionários militares do alto escalão, incluindo seus ministros da Defesa e das Relações Exteriores e funcionários responsáveis pela produção de armas e de tecnologia espacial, segundo os veículos de comunicação oficiais.

- Relações históricas -

De acordo com Siemon T. Wezeman, do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, "é bastante crível que a Coreia do Norte tenha grandes reservas de munição compatíveis com os sistemas de artilharia usados pelas forças russas".

Neste sentido, um acordo representaria "uma violação inequívoca" das resoluções da ONU que impõem sanções à Coreia do Norte, afirma o especialista.

Pyongyang busca, por sua vez, tecnologias avançadas para satélites e submarinos com propulsão nuclear, assim como ajuda alimentar.

Washington ironizou a reunião e disse que é um sinal de que Putin está "implorando" por ajuda para realizar suas operações na Ucrânia.

Rússia e Coreia do Norte têm relações históricas, e Kim Jong-un reiterou seu apoio a Moscou no conflito na Ucrânia.

De acordo com Andrey Lankov, da Universidade Kookmin de Seul, uma cúpula Putin-Kim faz parte da "chantagem diplomática suave" de Moscou em relação a Seul, porque a Rússia quer dissuadir os sul-coreanos de fornecerem equipamento militar à Ucrânia.

A Coreia do Sul é um grande exportador de armas que vende para a Polônia, um aliado de Kiev, mas sua política é não fornecer armas às partes diretamente envolvidas em conflitos armados.

J.Berger--HHA