OMC vê 'primeiros sinais' de desglobalização do comércio internacional
A desglobalização do comércio internacional ainda não é uma realidade, mas estão aparecendo "os primeiros sinais de fragmentação", advertiu a Organização Mundial do Comércio (OMC), nesta terça-feira (12), preocupada com os efeitos deste fenômeno no crescimento e no desenvolvimento.
Historicamente defendida pelos movimentos antiglobalização, a ideia de "desglobalização" voltou a ganhar força ante a profunda desorganização das cadeias produtivas pela guerra na Ucrânia e pelos confinamentos na China, decorrentes da pandemia da covid-19.
Em seu relatório anual sobre o comércio mundial, os economistas da OMC defendem a "reglobalização", em um contexto no qual, segundo eles, "os primeiros sinais de fragmentação do comércio ameaçam desacelerar o crescimento e o desenvolvimento".
Durante várias décadas, a expansão do comércio internacional superou o crescimento do PIB mundial, mas "esta tendência se deteve, de alguma maneira, no momento da crise financeira global de 2008-2009 e, desde então, estagnou", explicou o economista-chefe da OMC, Ralph Ossa, em entrevista à AFP.
Depois desta fase de desaceleração da globalização ("slowbalization", no termo em inglês), a questão é saber "se estamos avançando para uma fase de desglobalização", disse.
O relatório também mostra que houve uma piora nas tensões comerciais na OMC, incluindo um forte aumento das "preocupações comerciais" levantadas pelos países ante vários comitês.
Outro motivo de preocupação, segundo o economista-chefe da OMC, é o surgimento dos "primeiros sinais de desacoplamento" nas relações comerciais entre China e Estados Unidos.
H.Graumann--HHA