Hamburger Anzeiger - Ministro israelense Gantz renuncia por divergências sobre pós-guerra em Gaza

Ministro israelense Gantz renuncia por divergências sobre pós-guerra em Gaza
Ministro israelense Gantz renuncia por divergências sobre pós-guerra em Gaza / foto: Bashar TALEB - AFP

Ministro israelense Gantz renuncia por divergências sobre pós-guerra em Gaza

Benny Gantz, membro do gabinete de guerra israelense, anunciou neste domingo (9) sua renúncia por discordâncias com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu sobre o plano de pós-guerra em Gaza, apesar da libertação de quatro reféns mantidos no território palestino governado pelo Hamas.

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A saída do centrista Gantz ocorre em meio a crescentes divisões em Israel sobre a forma como o conservador Netanyahu gerencia a guerra contra o movimento islamista palestino há oito meses.

Gantz, rival de Netanyahu, exigia que o gabinete de guerra adotasse um "plano de ação" sobre a questão e havia fixado o dia 8 de junho como prazo final.

Netanyahu reagiu na rede social X, pedindo a Gantz - que é o favorito para formar um governo de coalizão se o Executivo cair e eleições antecipadas forem convocadas - que não "abandone" a batalha.

Por sua vez, Itamar Ben Gvir, ministro de extrema direita encarregado da Segurança Nacional, "exigiu" rapidamente "ser incluído" no gabinete de guerra.

No entanto, a renúncia de Gantz não deve afetar a coalizão governamental liderada por Netanyahu. Com o apoio da extrema direita, o primeiro-ministro segue mantendo a maioria na Knesset, o Parlamento israelense.

Além disso, sua estratégia militar foi reforçada no sábado com a libertação de quatro reféns israelenses, apesar das fortes pressões internacionais e internas que enfrenta pelo conflito.

O Ministério da Saúde do governo do Hamas anunciou que os ataques israelenses em Nuseirat deixaram pelo menos 274 mortos e 698 feridos. O balanço não pôde ser verificado de forma independente.

- "Horrível massacre" -

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, condenou neste domingo o "horrível massacre" em Nuseirat e insistiu que "qualquer acordo deverá incluir um cessar permanente da agressão, uma retirada (israelense) completa da Faixa, assim como um pacto de troca e reconstrução".

Os reféns, que estavam em "bom estado de saúde", foram libertados em "uma operação especial difícil durante o dia em Nuseirat", no centro de Gaza, declarou o Exército.

Trata-se de uma mulher, Noa Argamani, de 26 anos, e três homens: Almog Meir Jan, de 22; Andrey Kozlov, de 27; e Shlomi Ziv, de 41.

Segundo o Exército, todos foram sequestrados no festival de música eletrônica Nova, durante o ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro que desencadeou a guerra.

A relatora especial da ONU sobre os territórios palestinos, Francesca Albanese, declarou-se "aliviada" pela libertação dos reféns, mas lamentou que tenha ocorrido "à custa de pelo menos 200 palestinos, incluindo crianças, e de mais de 400 feridos".

Após agradecer as "numerosas mensagens de apoio", o chanceler israelense, Israel Katz, lamentou que "apenas os inimigos de Israel tenham se queixado de vítimas entre os terroristas do Hamas e seus cúmplices".

Em Nuseirat, Khalil Al Tahrawi disse ter ouvido tiros e obuses de seu abrigo. "Os aviões israelenses começaram a nos bombardear (...) para ocultar a operação de extração", indicou.

Neste domingo, o Exército israelense continuou bombardeando Gaza, tanto no norte, quanto no centro e no sul do território.

- Blinken no Oriente Médio -

A guerra eclodiu em 7 de outubro, após o ataque do Hamas ao sul de Israel, no qual combatentes islamistas mataram 1.194 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

O grupo fez ainda 251 reféns, dos quais 116 permanecem detidos em Gaza, incluindo 41 que estariam mortos, de acordo com o exército israelense.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre que já matou pelo menos 37.084 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território.

Um alto comandante militar, o general de brigada Avi Rosenfeld, demitiu-se este domingo por não ter conseguido evitar o ataque de 7 de outubro.

A nível diplomático, os esforços para uma trégua permanecem estagnados.

Em uma entrevista à emissora CBS, Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, declarou que ainda esperava por "notícias dos cataris e dos egípcios" sobre o avanço das negociações para uma trégua e pela libertação de reféns.

Estados Unidos, Egito e Catar atuam como mediadores do conflito.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, visitará Israel, Egito, Catar e Jordânia nos próximos dias para "promover uma proposta de cessar-fogo" recentemente apresentada pelo presidente Joe Biden, segundo Washington.

R.Hansen--HHA