Hamburger Anzeiger - Oposição de esquerda se reunirá em uma 'Frente Popular' na França

Oposição de esquerda se reunirá em uma 'Frente Popular' na França
Oposição de esquerda se reunirá em uma 'Frente Popular' na França / foto: Sebastien Salom-Gomis - AFP/Arquivos

Oposição de esquerda se reunirá em uma 'Frente Popular' na França

A oposição de esquerda na França apresentou, nesta sexta-feira (14), o "programa de governo" e de "ruptura" da Nova Frente Popular, com a qual espera frustrar uma vitória da extrema direita em uma posição de força nas eleições legislativas antecipadas.

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A esquerda francesa promete uma "ruptura total com as políticas de Emmanuel Macron" se vencer as eleições, disse o deputado de esquerda Manuel Bompard nesta sexta-feira. "Será a extrema direita ou seremos nós", acrescentou a ambientalista Marine Tondolier.

Socialistas, ambientalistas, comunistas e A França Insubmissa (LFI, esquerda radical) chegaram ao pacto final na noite de quinta-feira para concorrer juntos, com outros pequenos partidos como o Praça Pública, liderado pela nova estrela social-democrata Raphaël Glucksmann.

O novo programa de 100 medidas compromete-se a aumentar o salário mínimo, a revogar as controversas reformas previdenciária e migratória do presidente centrista, denuncia a "guerra de agressão" da Rússia na Ucrânia e os "massacres terroristas" do Hamas em Israel, entre outros.

Tecer um acordo não parecia fácil, principalmente quando a última coalizão nas eleições legislativas de 2022, chamada Nupes, acabou por se desfazer devido a divergências entre os social-democratas e a ala mais radical, liderada pelo líder esquerdista Jean-Luc Mélenchon.

Mas o medo de ver o partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN) chegar ao poder forçou-os a superar as suas diferenças, apesar da pressão do partido no poder, que criticou o acordo dos social-democratas com o LFI, um partido que Macron descreveu como "antissemita".

"A única coisa que me importa é que o RN não ganhe as eleições legislativas e não governe este país", disse Glucksmann à rádio France Inter, para quem a "única forma" de consegui-lo é "uma união da esquerda" nas eleições de 30 de junho e 7 de julho.

A coalizão assume assim o nome de outra aliança formada na França em 1936, cuja vitória nas eleições levou o socialista Léon Blum a liderar o governo francês em um contexto na Europa de ascensão da Alemanha nazista de Adolf Hitler.

Sobre quem poderá ser o futuro primeiro-ministro da coalizão, o social-democrata descartou Mélenchon – apelidado de "Chávez francês" pelo ministro da Economia, Bruno Le Maire – já que deverá ser uma figura de "consenso" para todos.

O ex-presidente socialista François Hollande, uma das vozes mais críticas da última coalizão de esquerda, também se disse "favorável" à Nova Frente Popular, e lamentou que a antecipação das eleições ocorra "no pior momento e nas piores circunstâncias".

No que diz respeito à Nupes, o resultado das eleições europeias, em que os socialistas ultrapassaram a LFI nos votos, significou também um reequilíbrio de forças dentro da aliança, pelo que a esquerda radical cedeu uma centena de círculos eleitorais aos seus aliados.

Macron, que continuará como presidente até 2027, desencadeou um terremoto político na França com a inesperada antecipação das eleições legislativas, portanto poderá ter que compartilhar o poder com um governo de outra ideologia política em uma "coabitação".

Uma pesquisa recente da Elabe coloca o RN na liderança com 31% das intenções de voto, seguido pela frente de esquerdas com 28% e a aliança centrista de Macron com 18%, confirmando um reequilíbrio dos três blocos que emergiram das eleições legislativas de 2022.

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L.Keller--HHA