Aumenta a pressão para que Biden se retire da corrida presidencial
Os pesos pesados e congressistas democratas questionam nesta terça-feira (2) a capacidade do presidente Joe Biden, de 81 anos, para um segundo mandato, com o primeiro apelo público para que o mandatário retire sua candidatura.
"Reconhecendo que, ao contrário de Trump, o compromisso inicial do presidente Biden sempre foi com nosso país, não consigo mesmo, espero que ele tome a difícil e dolorosa decisão de se retirar", disse o congressista do Texas Lloyd Doggett em um comunicado.
"Respeitosamente, peço isso a ele", acrescentou Doggett, o primeiro parlamentar do partido a pedir publicamente que Biden desista.
"Acho legítimo perguntar: 'Isso foi um incidente ou é um estado?'", afirmou à MSNBC a muito influente Nancy Pelosi, de 84 anos, ex-presidente democrata da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.
Ela se refere ao desastroso debate da semana passada entre Biden e o republicano Donald Trump, de 78 anos, no qual o democrata se atrapalhou várias vezes e perdeu o raciocínio, aumentando os temores sobre sua acuidade mental.
Desde então, os líderes democratas têm sido hesitantes, talvez para dar a Biden a chance de acalmar as preocupações com uma coletiva de imprensa sem teleprompter (dispositivo que permite ler um texto sem desviar o olhar da câmera) ou uma longa entrevista, que ocorrerá na próxima sexta-feira, de acordo com a ABC News.
Mas a paciência dos membros do partido está se esgotando.
"Temos que ser honestos conosco e dizer que não foi apenas uma noite terrível", disse o congressista democrata Mike Quigley à CNN nesta terça-feira.
- Pesquisa -
Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira pela CNN aumentou ainda mais o pavor no campo democrata: 75% dos eleitores entrevistados acreditam que o partido teria mais chances em novembro com outro candidato.
Trump alcança 49% das intenções de voto a nível nacional, contra 43% de seu rival, uma diferença que não mudou desde a última pesquisa semelhante realizada em abril.
A vice-presidente Kamala Harris, embora não vença, teria uma posição melhor, com 45%, contra os 47% do ex-presidente republicano.
Outros possíveis candidatos democratas, alguns pouco conhecidos pelo público em geral, enfrentariam Donald Trump com pontuações semelhantes às do atual presidente, apesar de sua falta de notoriedade, como o governador da Califórnia, Gavin Newsom, o secretário de Transportes, Pete Buttigieg, e a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer.
"Responsabilizo a equipe de campanha por ignorar as perguntas que as pessoas fazem", disse o senador Peter Welch em uma entrevista ao site Semafor.
Artigos recentes, especialmente dos veículos Axios e Politico, falam de um presidente que só estaria completamente funcional entre as 10h da manhã e as 16h da tarde, e que só leria notas escritas para evitar gafes.
Desde sua eleição, o presidente mais velho da história dos Estados Unidos tem mostrado um declínio físico evidente.
Até agora, a Casa Branca sempre rejeitou todas as perguntas sobre a acuidade intelectual de Joe Biden.
- "Declínio" -
Uma recente investigação do Wall Street Journal sobre um "declínio" do octogenário rendeu ao veículo uma repreensão da equipe de comunicação presidencial.
Há meses, Biden, que caiu várias vezes em público, não utiliza mais a grande passarela de seu avião. Ele prefere uma escada mais curta e estável.
Nas últimas semanas, também tem se cercado de assessores para se deslocar da Casa Branca até seu helicóptero no gramado, evitando que as câmeras capturem seu caminhar muito rígido.
O mandatário, propenso a gafes, não realiza uma longa coletiva de imprensa desde janeiro de 2022 e reduziu o número de declarações improvisadas aos jornalistas.
O democrata passa quase todos os fins de semana em uma de suas casas em Delaware, sem um programa oficial.
Quando Biden visitou recentemente a França, por ocasião das comemorações do desembarque dos aliados em 1944, foi diretamente do aeroporto para seu hotel, onde permaneceu um dia inteiro, sem fazer qualquer aparição pública.
B.Koessmann--HA