Hamburger Anzeiger - Morrem 40 migrantes após incêndio de embarcação na costa do Haiti

Morrem 40 migrantes após incêndio de embarcação na costa do Haiti
Morrem 40 migrantes após incêndio de embarcação na costa do Haiti / foto: Clarens Siffroy - AFP/Arquivos

Morrem 40 migrantes após incêndio de embarcação na costa do Haiti

Pelo menos 40 migrantes morreram e muitos outros ficaram feridos após a embarcação na qual viajavam pegar fogo na costa de Cabo Haitiano, no norte do Haiti, informou nesta sexta-feira (19) a Organização Internacional para as Migrações (OIM) em comunicado.

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A embarcação, na qual viajavam mais de 80 pessoas, partiu de Labadee na quarta-feira em direção às Ilhas Turcas e Caicos, território ultramarino britânico situado cerca de 250 quilômetros ao norte.

A guarda-costeira do Haiti resgatou 41 pessoas, das quais 11 foram hospitalizadas. Sete pessoas estão gravemente feridas, detalhou um porta-voz da polícia haitiana.

Alguns sobreviventes contaram que o incêndio começou depois que um passageiro acendeu uma vela para realizar uma cerimônia de vodu no barco, embora houvesse gasolina a bordo, indicou essa fonte policial.

Migrantes que participam destas viagens ocasionalmente realizam este tipo de cerimônia acreditando que serão protegidos e permitirão evitar a guarda-costeira.

"Este evento devastador destaca os riscos enfrentados por crianças, mulheres e homens que migram por rotas irregulares e mostra a necessidade crucial de caminhos legais e seguros para a migração", disse Grégoire Goodstein, chefe da missão da OIM no Haiti, no comunicado.

"A situação socioeconômica no Haiti é angustiante. A violência extrema dos últimos meses levou os haitianos a tomar medidas ainda mais desesperadas", acrescentou.

O Haiti, o país mais pobre das Américas, sofre há muito tempo com gangues de criminosos que controlam 80% da capital, Porto Príncipe, e as principais rodovias nacionais.

Muitas dessas facções, acusadas de assassinatos, saques, estupros e sequestros, uniram forças em fevereiro para desafiar o então primeiro-ministro Ariel Henry.

Em sua ofensiva, atacaram prisões, delegacias, edifícios públicos e o aeroporto, além de bairros residenciais.

Após a renúncia forçada do polêmico dirigente, novas autoridades assumiram o poder de transição com a difícil tarefa de restabelecer a segurança e inibir a grave crise humanitária no país.

"A falta de oportunidades econômicas, o colapso do sistema de saúde, o fechamento de escolas e a ausência de perspectivas levam muitos a considerar a migração como a única forma de sobreviver", alerta o comunicado da OIM.

Segundo essa organização da ONU, a guarda-costeira haitiana tem observado um número crescente de tentativas de saída de barcos para o norte.

Este ano, os países vizinhos devolveram à força mais de 86 mil migrantes ao Haiti, segundo a OIM, que está preocupada com o seu retorno "neste período de agitação e incerteza".

O novo governo do Haiti anunciou o início iminente de operações policiais contra as gangues.

As forças nacionais contarão com o apoio de 400 policiais quenianos, enviados a Porto Príncipe no contexto de uma missão multinacional de segurança apoiada pela ONU.

H.Rathmann--HHA