Aiatolá Khamenei aprova eleição do reformista Pezeshkian como presidente do Irã
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, aprovou oficialmente neste domingo (28) a eleição do reformista Masud Pezeshkian como o nono presidente da República Islâmica.
"Aprovo a eleição do sábio, honesto, popular e erudito senhor Pezeshkian. Eu o nomeio presidente da República Islâmica do Irã", afirmou Khamenei, segundo uma mensagem lida pelo diretor de seu gabinete.
Pezeshkian, 69 anos, foi eleito no segundo turno das eleições presidenciais, em 5 de julho, e prestará juramento na terça-feira (30) no Parlamento para um mandato de quatro anos.
Ele sucederá Ebrahim Raisi, que morreu em um acidente de helicóptero em maio.
Assim que assumiu o cargo, Pezeshkian nomeou o reformista Mohammad Reza Aref como primeiro vice-presidente, informou a televisão estatal.
Vários funcionários de alto escalão e do governo iraniano e diplomatas estrangeiros compareceram à cerimônia de posse neste domingo.
Pezeshkian venceu o segundo turno das eleições presidenciais contra o ultraconservador Saeed Jalili: ele recebeu 53,6% dos votos, contra 44,3% do rival, entre quase 30 milhões de votos emitidos.
Jalili e o ex-presidente moderado Hassan Rohani, que apoiou a candidatura do novo presidente ao lado da principal coalizão de reformistas no Irã, compareceram à cerimônia neste domingo.
Durante a solenidade, o aiatolá Khamenei disse que "a prioridade na política externa" continua sendo os países vizinhos do Irã.
"Outra prioridade diz respeito aos países que nos apoiaram durante as pressões dos últimos anos", acrescentou, em referência a Rússia e China.
"Os países europeus não nos trataram bem nos últimos anos, (apresentando) acusações falsas como (violações dos) direitos humanos", lamentou Khamenei.
"Caso não nos tratem tão mal, os europeus também fazem parte das nossas prioridades", acrescentou.
- "Fardo" -
Pezeshkian agradeceu ao líder supremo e ao povo iraniano, prometendo suportar o "pesado fardo" da presidência.
Chamado de "médico" por muitos iranianos, Pezeshkian defende "relações construtivas" com os Estados Unidos, o inimigo do Irã, e as nações europeias para tirar o país do "isolamento".
No Irã, no entanto, o presidente tem poderes limitados. O líder supremo é o chefe de Estado e o principal responsável pelas decisões estratégicas, enquanto o presidente apenas aplica sua principais diretrizes políticas.
As eleições iranianas aconteceram em um momento de tensão regional, com o Irã, um país muito influente do Oriente Médio, no centro de várias crises, da guerra em Gaza até o desenvolvimento de seu programa nuclear, algo que o Ocidente não aceita.
Pezeshkian prometeu negociar com Washington para retomar as conversações nucleares, estagnadas desde a retirada, em 2018, dos Estados Unidos de um acordo internacional assinado em 2015.
Durante a campanha eleitoral, ele prometeu "retirar o Irã do isolamento" e estabelecer "relações construtivas" com o mundo, em particular com os países europeus.
Pezeshkian não era o favorito quando sua candidatura foi aprovada ao lado de outros cinco candidatos, todos conservadores, para as eleições presidenciais, antecipadas devido à morte do presidente Raisi.
Masud Pezeshkian não era uma das grandes figuras dos campos reformistas e moderados, que perderam influência para os conservadores nos últimos anos.
O presidente, um cirurgião, tem pouca experiência de governo, que se resume ao cargo de ministro da Saúde entre 2001 e 2005 no governo reformista de Mohammad Khatami.
Ele é um pai de família e criou três filhos sozinho após a morte da esposa e de outro filho em um acidente de carro em 1993.
Pezeshkian se apresenta como a "voz dos sem voz" e prometeu trabalhar para melhorar as condições de vida dos desfavorecidos.
E.Mariensen--HHA