Hamburger Anzeiger - Esquerda pressiona Macron antes de reunião importante para formar governo na França

Esquerda pressiona Macron antes de reunião importante para formar governo na França
Esquerda pressiona Macron antes de reunião importante para formar governo na França / foto: Christophe SIMON - POOL/AFP

Esquerda pressiona Macron antes de reunião importante para formar governo na França

A coalizão de esquerda na França acusou, nesta quinta-feira (22), o presidente de centro-direita, Emmanuel Macron, de "grave inação" por não nomear um novo primeiro-ministro quase dois meses após eleições legislativas antecipadas, que venceram sem maioria absoluta.

Tamanho do texto:

"Como em todas as democracias parlamentaristas, a coalizão líder deve ser capaz de formar governo e começar a trabalhar", escreveram em uma "Carta aos franceses" os líderes da Nova Frente Popular (NFP) e sua candidata a primeira-ministra, Lucie Castets.

"Até quando vamos continuar como se nada tivesse acontecido no início do verão? (...) A inação do presidente é grave", afirmam os signatários da carta, às vésperas da primeira reunião de Macron com as diferentes forças políticas.

O presidente de 46 anos chocou a França ao anunciar de forma inesperada a antecipação das eleições legislativas previstas para 2027 em 30 de junho e 7 de julho, para pedir um "esclarecimento" aos eleitores, após a vitória da extrema direita nas eleições europeias.

Mas o resultado levou a um bloqueio: o NFP obteve 193 deputados na Assembleia (câmara baixa), seguido pela aliança de Macron (166) e pelo partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN) e seus aliados (142), longe da maioria absoluta de 289 assentos.

Diante do limbo político e a poucas semanas dos Jogos Olímpicos de Paris-2024, Macron pediu um julho que seu primeiro-ministro, Gabriel Attal, continuasse no cargo "por enquanto" para "garantir a estabilidade"

- "Ampla e estável" -

A segundo maior economia da União Europeia (UE) nunca havia experienciado uma situação de bloqueio desde que a Quinta República francesa foi estabelecida em 1958, sobretudo quando o seu sistema eleitoral favorece a criação de maiorias parlamentares claras.

No entanto, aumenta a pressão sobre Macron, cujo mandato termina em 2027 e que compartilha o poder Executivo com o governo, entre acusações de atrasar a nomeação para continuar no poder.

"O presidente está do lado dos franceses, das instituições e, sobretudo, da expressão de seu voto no dia 7 de julho", defendeu a Presidência nesta quinta-feira, véspera do início das consultas.

A rodada começará com os líderes do NFP, sucedidos pela aliança de Macron e o partido de direita Os Republicanos (LR), antes da vez das figuras ultradireitistas Marine Le Pen e Jordan Bardella.

A Presidência confirmou que, após as reuniões, nomeará um primeiro-ministro que alcance "a maioria mais ampla e estável" possível, rejeitando implicitamente o pedido da esquerda de nomear Castets como o primeiro bloco na Assembleia.

A ameaça de uma moção de censura por parte do partido no poder e da extrema direita já paira sobre um eventual governo Castets, mas nenhuma alternativa ganhou força neste momento, dada a recusa do LR em formar uma coalizão com as forças de Macron.

"Não existe um plano B para Lucie Castets", disse a líder ambiental Marine Tondelier, membro do NFP. Contudo, enquanto aguardam uma decisão, a coalizão está se partindo devido a divergências com a sua ala radical, que propôs a renúncia do presidente francês

Macron não pode dissolver novamente a Assembleia até julho de 2025, mas a apresentação do orçamento para o próximo ano, que deve chegar ao Parlamento em outubro, fixa um prazo para substituir o atual governo em exercício.

"Quem for nomeado primeiro-ministro será bloqueado" e "em qualquer caso, a França estará em um estado de paralisia", disse nesta terça-feira a deputada de extrema direita Edwige Diaz, assegurando que seu partido já se prepara para novas eleições.

H.Eggers--HHA