Hamburger Anzeiger - Deputados mexicanos aprovam em primeiro turno polêmica reforma no Judiciário

Deputados mexicanos aprovam em primeiro turno polêmica reforma no Judiciário

Deputados mexicanos aprovam em primeiro turno polêmica reforma no Judiciário

Uma polêmica reforma no Poder Judiciário que propõe a eleição popular de juízes foi aprovada na manhã desta quarta-feira(4) pela Câmara dos Deputados do México, em uma primeira etapa de um processo que busca incorporá-la à Constituição do país.

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O projeto do presidente de esquerda Andrés Manuel López Obrador foi aprovado pela maioria do partido no poder, embora vários de seus artigos ainda serão discutidos antes de seguir para o Senado.

A sessão foi transferida para um ginásio da Cidade do México na terça-feira, após o bloqueio da sede do Legislativo por funcionários do Poder Judiciário em greve contra a reforma há duas semanas.

A proposta é rejeitada pela oposição e tem gerado tensões com os Estados Unidos, que alerta para a "ameaça" às relações no âmbito do T-MEC e o "risco" para a democracia mexicana, já que o tráfico de drogas poderia aproveitar-se da eleição popular para manipular os juízes.

A proposta propõe que juízes e ministros do Supremo Tribunal Federal sejam eleitos a partir de listas de candidatos propostas pelos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Seus críticos afirmam que este mecanismo irá minar a independência judicial.

- Enfrentamento com o Poder Judiciário -

O presidente López Obrador, cuja popularidade ronda os 70%, promove a reforma acusando juízes e ministros de favorecerem a corrupção do colarinho branco e grupos criminosos.

No entanto, o principal alvo de suas críticas é o Supremo Tribunal de Justiça do país, que interrompeu total ou parcialmente reformas em setores como a energia e a segurança.

López Obrador acusa seus ministros de se aliarem à oposição e de terem rendimentos acima do teto legal.

Durante a discussão da reforma, os deputados da base do governo ecoaram a posição do presidente. "O Poder Legislativo não pode ser submetido a nenhum juiz ou autoridade que não seja a nossa soberania", disse Ricardo Monreal, líder da bancada governista.

"O México está construindo um sistema de justiça que será um exemplo no mundo", acrescentou.

O partido no poder, Morena, e seus aliados, que venceram as eleições gerais de 2 de junho, representam dois terços dos 500 votos necessários na Câmara para aprovar reformas constitucionais sem negociar com a oposição.

A iniciativa, apresentada em fevereiro, também será votada no Senado, onde o governo precisa de apenas um voto para alcançar a chamada maioria qualificada.

- Preocupação dos EUA -

O embaixador americano no México, Ken Salazar, reforçou suas críticas à reforma na terça-feira, acusando-a de arriscar a relação bilateral. "Se não for bem feita, pode causar muitos danos às relações. Há muita preocupação", disse à imprensa.

O Canadá – também parceiro do T-MEC – alertou para os riscos à segurança jurídica dos investimentos.

As objeções são compartilhadas por investidores em fundos cambiais, títulos e ações mexicanas, que temem que a reforma possa "resultar em uma politização do Judiciário", alertou a consultoria britânica Capital Economics.

López Obrador chamou estas declarações de "interferência", enquanto a presidente eleita, Claudia Sheinbaum, que assumirá o poder em 1º de outubro, repudiou as críticas à iniciativa.

"A reforma do Poder Judiciário não afeta nossas relações comerciais, nem os investimentos privados nacionais ou estrangeiros. Pelo contrário, haverá um Estado de Direito melhor e mais amplo, mais democracia para todos", disse Sheinbaum na terça-feira na rede social X.

F.Carstens--HHA