Irã está disposto a retomar negociações sobre programa nuclear
O Irã parece disposto a retomar as negociações nucleares, mas se recusa, por enquanto, a permitir o retorno dos inspetores às suas instalações, disse, nesta quinta-feira (26), o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, em entrevista à AFP.
Os iranianos "estão mostrando sinais da vontade de voltar a se comprometer, não apenas com a AIEA, mas também (...) com nossos antigos parceiros no acordo nuclear de 2015", afirmou, ao mesmo tempo em que indicou que Teerã não quer "colocar novamente na lista os inspetores" cuja acreditação foi retirada.
Desde 2021, o Irã reduziu drasticamente as inspeções de suas instalações. As câmeras de vigilância foram desconectadas e um grupo de especialistas teve sua acreditação suspensa.
Rafael Grossi tem uma visita prevista a Teerã em outubro, mas o Irã comunicou que não haverá nenhuma mudança nos planos referentes aos inspetores, segundo declarou à AFP.
Desde a chegada, em julho, do reformista Masoud Pezeshkian à Presidência, Teerã expressou seu desejo de relançar as negociações para reativar o acordo concluído em 2015 com os países europeus do E3 (Paris, Londres, Berlim), Estados Unidos, Rússia e China.
Este pacto, conhecido por suas siglas JCPOA, deveria fornecer um quadro para as atividades atômicas do Irã em troca do levantamento das sanções internacionais.
No entanto, o acordo desmoronou após a retirada dos Estados Unidos, decidida em 2018 pelo então presidente Donald Trump.
As negociações em Viena foram interrompidas em 2022.
Por enquanto, os europeus se mostram cautelosos quanto à possibilidade de retornar à mesa de negociações às vésperas das eleições presidenciais americanas no início de novembro.
"Se as coisas evoluírem de forma positiva, poderia ser, e acredito que seja a intenção do presidente [Pezeshkian] e do ministro das Relações Exteriores [Abbas Araghchi], que as discussões com os antigos parceiros de negociação sejam retomadas para ver que tipo de quadro" será acordado, declarou Rafael Grossi à AFP.
"Será o mesmo? Será algo completamente diferente (...)? Cabe a eles [os negociadores] decidirem se é viável, realista e útil", enfatizou.
Os europeus, por sua vez, permanecem céticos sobre a possibilidade de retornar ao quadro do pacto original, segundo uma fonte diplomática.
O.Zimmermann--HHA