Hamburger Anzeiger - Apoiado pelos Brics, Putin mostra força ao Ocidente antes de cúpula crucial

Apoiado pelos Brics, Putin mostra força ao Ocidente antes de cúpula crucial
Apoiado pelos Brics, Putin mostra força ao Ocidente antes de cúpula crucial / foto: Alexander NEMENOV - POOL/AFP

Apoiado pelos Brics, Putin mostra força ao Ocidente antes de cúpula crucial

O presidente russo, Vladimir Putin, manteve nesta terça-feira (22) reuniões com os líderes de Índia, China e África do Sul, no contexto de uma cúpula dos Brics que lhe permite reafirmar sua força frente às potências ocidentais, que por sua vez tentam isolá-lo pela invasão à Ucrânia.

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O presidente chinês, Xi Jinping, destacou "a profunda amizade" com a Rússia no momento em que o mundo atravessa uma situação "caótica". Já Putin defendeu reforçar as relações bilaterais com Pequim "ainda mais (...) para garantir a segurança global e uma ordem mundial justa".

Pouco antes, o presidente russo havia elogiado, diante do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, as excelentes relações entre seus países, tanto diplomáticas quanto comerciais.

Com essa cúpula dos Brics — grupo de países emergentes —, realizada na cidade russa de Kazan, Putin aspira a demonstrar o fracasso da política ocidental de isolamento e sanções contra Moscou pelo conflito na Ucrânia.

A Rússia ganha terreno militarmente na ex-república soviética e estabeleceu alianças com China, Irã e Coreia do Norte, os maiores adversários dos Estados Unidos.

"Acreditamos que as disputas devem ser resolvidas pacificamente. Apoiamos totalmente os esforços para restaurar rapidamente a paz e a estabilidade", declarou Modi diante do presidente russo.

Desde o início do conflito na Ucrânia, a Índia tenta manter um delicado equilíbrio entre as relações historicamente fortes com Moscou e seu desejo de se aproximar do Ocidente para contrapor a influência da China, seu principal rival regional.

Modi se absteve de condenar a ofensiva russa iniciada em fevereiro de 2022 na Ucrânia, defendeu o diálogo e até se ofereceu como mediador.

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que também instou pelo fim do conflito, qualificou Moscou como um "aliado valioso" e amigo em sua reunião com Putin.

A Ucrânia estará na agenda da cúpula na quinta-feira, com uma reunião entre Putin e António Guterres, o secretário-geral da ONU, anunciada pelo Kremlin, mas não confirmada pela ONU.

Segundo o Kremlin, a cúpula dos Brics, uma organização de países emergentes, é "o evento diplomático mais importante já organizado na Rússia".

A Rússia ganha terreno militarmente na Ucrânia e forjou alianças com a China, o Irã e a Coreia do Norte, os maiores adversários dos Estados Unidos.

- Contra a hegemonia do dólar -

Putin iniciou sua maratona diplomática nesta terça-feira com uma entrevista com a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como banco dos Brics.

O presidente russo reiterou o desejo de "um aumento dos pagamentos em moedas nacionais" entre os países dos Brics, o que segundo ele "reduzirá os riscos políticos externos".

A Rússia, sujeita às sanções econômicas ocidentais e com os seus principais bancos excluídos da plataforma internacional de pagamentos Swift, defende a criação de um sistema alternativo à hegemonia do dólar.

O chefe de Estado russo manterá conversações na quarta-feira com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, cujo país, membro da Otan, pediu para aderir aos Brics, e com o presidente iraniano, Masud Pezeshkian.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, cancelou sua viagem e participará por videoconferência.

Putin também concederá uma coletiva de imprensa na quinta-feira, no final da reunião.

O presidente russo limitou os seus deslocamentos ao exterior desde que o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra ele em março de 2023 por seu suposto envolvimento na deportação ilegal de crianças ucranianas para a Rússia, o que Moscou nega.

Portanto, o Kremlin considera "crucial" demonstrar que "existe uma alternativa às pressões ocidentais (…) e que o mundo multipolar é uma realidade", segundo o analista político russo Konstantin Kalachev.

Apesar da anexação da Crimeia em 2014 e de outras regiões ucranianas que reivindica como suas, a Rússia apresenta a sua ofensiva como um conflito provocado pelas ambições hegemônicas dos Estados Unidos.

No entanto, as potências ocidentais e o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, acreditam que o Kremlin deseja dominar os seus vizinhos, que estiveram na esfera de Moscou até o final da Guerra Fria.

O grupo dos Brics foi criado em 2009 com quatro membros (Brasil, China, Índia e Rússia) e em 2010 incorporou a África do Sul. Em 2024, outros quatro países aderiram ao bloco (Etiópia, Irã, Egito e Emirados Árabes Unidos).

F.Wilson--HHA