Turquia bombardeia posições do PKK após atentado que deixou 5 mortos
As autoridades da Turquia apontaram o PKK como "provável" responsável do atentado cometido nesta quarta-feira (23) perto de Ancara, no qual morreram cinco pessoas, e bombardearam em represália posições do grupo no Iraque e na Síria.
O atentado com explosivos que aconteceu diante da sede das indústrias de defesa da Turquia, a cerca de 40 km da capital Ancara, deixou cinco mortos e 22 feridos.
O ministro do Interior turco, Ali Yerlikaya, assinalou que, por sua modalidade, "está muito provavelmente vinculado" ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
O ministro da Defesa turco, Yasar Guler, apoiou essa hipótese e denunciou aqueles que, "como sempre, tentaram perturbar a paz" realizando "um atentado desprezível e desonroso".
"Sempre damos a estes malfeitores do PKK o castigo que merecem [...] Não vamos deixar de persegui-los até eliminar o último terrorista e os faremos sofrer pelo que fizeram", acrescentou.
Pouco antes da meia-noite local (18h em Brasília), seu ministério anunciou que bombardeou 32 alvos do PKK e de seus aliados no norte do Iraque e da Síria.
"Em conformidade com nossos direitos de autodefesa [...], realizamos uma operação aérea contra alvos terroristas no norte do Iraque e da Síria [...] e um total de 32 alvos pertencentes a terroristas foram destruídos", assinalou o ministério em uma nota, e acrescentou que as "operações aéreas continuam".
O PKK, classificado como "terrorista" pela Turquia e seus aliados ocidentais, entre eles os Estados Unidos e a União Europeia, realiza uma insurgência contra o Exército turco desde 1984.
O vice-presidente turco, Cevdet Yilmaz, que visitou os feridos, disse que os mortos são quatro funcionários e um taxista, e que sete dos feridos são policiais.
A emissora de televisão privada NTV disse que se tratou de um ataque suicida e indicou que um "grupo de terroristas" chegou diante do edifício e um deles "se explodiu". Em seguida, houve um tiroteio que durou mais de uma hora, segundo a imprensa local.
O jornal Sabah publicou na rede X uma imagem das câmeras de vigilância da entrada do edifício, que mostra um jovem vestido de preto, carregando uma mochila e aparentemente armado com um fuzil de assalto, que o veículo descreve como "um dos terroristas que atacam a #TAI".
Imagens de televisão mostraram grandes chamas e uma fumaça branca em frente à entrada do local. A autoria da ação ainda não foi reivindicada.
- Solidariedade da Otan e de Putin -
"Nenhuma estrutura, nenhuma organização terrorista, nenhum foco infame contra a nossa segurança poderá conquistar seus objetivos. Nossa luta contra todas as ameaças terroristas continuará com determinação", acrescentou, na rede social X.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, afirmou em mensagem na rede X que conversou por telefone com o presidente turco sobre o "ataque terrorista".
"A minha mensagem foi muito clara: a Otan está com a Turquia", disse.
Erdogan também recebeu apoio direto do presidente russo, Vladimir Putin, com quem se reuniu em Kazan.
"Condenamos qualquer ação desse tipo, quaisquer que sejam suas motivações", declarou Putin ao receber o mandatário turco.
Uma importante feira de indústrias de defesa e aeroespaciais está ocorrendo esta semana em Istambul, com a presença do presidente das Indústrias de Defesa e à qual compareceu, entre outros, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha.
O setor de defesa da Turquia, conhecido por seus famosos drones Bayraktar, representa cerca de 80% da receita de exportações do país, com um faturamento de 10,2 bilhões de dólares em 2023, cerca de R$ 58,2 bilhões na cotação atual.
O último atentado registrado na Turquia ocorreu em janeiro, em uma igreja de Istambul. A ação deixou um morto e foi reivindicada pelo grupo Estado Islâmico.
Antes disso, o PKK, em luta armada contra o governo, havia realizado um ataque contra uma delegacia em Ancara em outubro de 2023, que resultou em dois agressores mortos e dois policiais feridos.
J.Fuchs--HHA