Hamburger Anzeiger - ELN ordena 'paralisação armada' no oeste da Colômbia após retomar negociações com o governo

ELN ordena 'paralisação armada' no oeste da Colômbia após retomar negociações com o governo
ELN ordena 'paralisação armada' no oeste da Colômbia após retomar negociações com o governo / foto: Daniel Munoz - AFP/Arquivos

ELN ordena 'paralisação armada' no oeste da Colômbia após retomar negociações com o governo

A guerrilha do ELN, que anunciou na quinta-feira a retomada das negociações de paz com o governo da Colômbia, ordenou à população de uma região do oeste do país que se confinasse por um período indeterminado, denunciou nesta sexta-feira (8) o órgão estatal que cuida dos direitos humanos.

Tamanho do texto:

"Fazemos um forte apelo ao ELN: revogue a paralisação armada indefinida anunciada a partir de 9 de novembro nas bacias dos rios San Juan, Sipí e Cajón, que afetará seriamente as comunidades", afirmou a Defensoria do Povo na rede social X.

"Será o terceiro confinamento forçado no ano" e "prejudicará 85 comunidades negras e indígenas, ou seja, cerca de 45.000 pessoas", destacou a entidade.

Na quinta-feira, enquanto representantes da guerrilha em Caracas concordavam em retomar os diálogos de paz, congelados desde setembro, a mídia local divulgou um comunicado de um grupo guerrilheiro que opera no departamento de Chocó, ordenando "restrições" de mobilidade "para evitar algum tipo de incidente".

Segundo a guerrilha marxista-leninista, a "paralisação armada indefinida" responde a uma suposta aliança entre o exército e o Clã do Golfo, a maior facção narcotraficante da Colômbia, para expulsá-los dessa região de selva.

A Defensoria criticou a falta de "coerência entre esses atos e a busca pela paz e o caráter político que o ELN diz ter".

O confinamento forçado "colocará em risco o direito à saúde e à vida" em uma região que também enfrenta uma emergência devido às chuvas, acrescentou a entidade.

- "Falta de coesão" -

Cinco governos tentaram, sem sucesso, negociar com o ELN, uma guerrilha com frentes quase autônomas que se reúnem em uma instância chamada Comando Central (Coce).

"Surgiu novamente o fantasma da falta de coesão do ELN, um mal que muitos julgam como histórico. É como se, em algumas regiões, a mensagem do Coce não chegasse", explicou o centro de estudos independente Pares em um comunicado.

Uma das condições do governo para retomar os diálogos "era justamente evitar (...) as paralisações armadas em locais como Chocó, onde a retomada das negociações de paz havia sido recebida como uma boa notícia", acrescentou.

Os negociadores da guerrilha e do governo devem se reunir novamente entre 19 e 25 de novembro.

A negociação estava suspensa desde setembro por decisão do presidente Gustavo Petro, em resposta a um ataque do ELN a uma base militar que deixou três soldados mortos e 28 feridos.

O ELN, em armas desde 1964, lançou uma ofensiva no início de agosto, quando decidiu não renovar a trégua que estava em vigor desde 2023. As forças militares também retomaram suas operações contra os rebeldes.

Os negociadores do governo buscam pactuar um novo cessar-fogo.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, aposta em desativar o conflito armado de seis décadas negociando com vários grupos armados, mas a oposição acusa uma deterioração da ordem pública.

U.Smith--HHA