Milhares de indígenas acampam em Bogotá e exigem reunião com governo colombiano
Ao menos 2 mil indígenas provenientes do centro-oeste da Colômbia acampam nesta terça-feira (26) nos arredores de uma repartição do governo em Bogotá e pedem uma reunião com altas autoridades para discutir suas exigências sobre terras ancestrais e atendimento às suas comunidades.
Os indígenas embera, que chegaram em 40 ônibus vindos do departamento de Risaralda, montaram na noite de segunda centenas de tendas em frente à Agência Nacional de Terras (ANT). Eles permanecem sentados no local como forma de protesto, vigiados por membros da guarda indígena.
"Somos famílias que não temos território", disse à AFP o médico ancestral José Motato, que relatou que entre os principais problemas de sua comunidade estão o "desmatamento" das fontes hídricas, a "destruição" de seus locais sagrados, a "saúde das crianças" e o "cuidado com os idosos".
Os manifestantes denunciam que, segundo dados das autoridades indígenas, pelo menos 110 crianças com menos de cinco anos morreram desde 2023 por doenças relacionadas à desnutrição.
Eles esperam que "o governo nacional os atenda" e cumpra "os compromissos assumidos com a comunidade", alertou a alta conselheira de Vítimas, Paz e Reconciliação da prefeitura de Bogotá, Isabelita Mercado, que afirma que cerca de 2 mil pessoas estão mobilizadas.
Em setembro, cerca de 700 indígenas embera deslocados que acampavam em um parque de Bogotá desde o fim de 2021 retornaram às suas comunidades após uma série de acordos com o governo do presidente Gustavo Petro para reassentá-los em suas terras e atender às suas necessidades.
Nesta terça-feira, o diretor da ANT, Felipe Harman, anunciou a instalação de "uma primeira mesa de trabalho" com os representantes das comunidades e acrescentou que o governo tem "disposição para estabelecer o diálogo", escreveu em sua conta na rede social X.
Os povos indígenas têm sido tradicionalmente deslocados de seus territórios na Colômbia pela violência dos grupos armados. Petro, o primeiro presidente de esquerda na história do país, tenta colocar fim, por meio do diálogo, ao conflito armado de seis décadas que deixou 9,5 milhões de vítimas.
F.Schneider--HHA