Hamburger Anzeiger - Corte Interamericana tomará decisão em caso histórico sobre aborto em El Salvador

Corte Interamericana tomará decisão em caso histórico sobre aborto em El Salvador
Corte Interamericana tomará decisão em caso histórico sobre aborto em El Salvador / foto: Randall CAMPOS - AFP

Corte Interamericana tomará decisão em caso histórico sobre aborto em El Salvador

A Corte Interamericana de Direitos Humanos emitirá uma sentença histórica nesta sexta-feira (20) sobre o caso Beatriz x El Salvador para decidir pela primeira vez sobre a responsabilidade de um Estado na proibição do aborto.

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Beatriz, pseudônimo usado para proteger sua identidade, tinha 22 anos em 2013 e sofria de uma doença autoimune com risco de vida denominada lúpus eritematoso sistêmico durante a gravidez.

Com 12 semanas de gestação, seu feto tinha anencefalia, a ausência de desenvolvimento cerebral durante a gravidez. Beatriz solicitou ao Estado a realização de um aborto, que é proibido em El Salvador e é punível com dois a oito anos de prisão e que, sob interpretação judicial como homicídio agravado, pode resultar em até 50 anos de prisão.

Oitenta e um dias após o pedido de aborto, que foi rejeitado pelo Tribunal Constitucional de El Salvador, Beatriz entrou em trabalho de parto e teve que se submeter a uma cesariana de emergência com 26 semanas de gravidez. O bebê morreu cinco horas depois.

A Corte Interamericana, com sede em San José, terá que tomar uma decisão sobre o conflito entre os direitos da mãe à vida, à saúde e à integridade pessoal ou o direito à vida do feto. A audiência de sentença está marcada para as 17h de Brasília.

As associações de direitos humanos esperam uma decisão favorável à família de Beatriz, que, após sua morte em um acidente de trânsito, em 2017, levou o caso à Corte Interamericana em 2022.

A família quer que “o que aconteceu com Beatriz nunca mais aconteça com nenhuma outra mulher”, disse sua mãe, sob condição de anonimato, durante uma audiência sobre o caso, em março de 2023.

Em El Salvador, as ONGs que lidaram com o caso acompanharão a notificação do veredicto ao vivo e depois realizarão uma coletiva de imprensa.

Na América Latina, o aborto é legal em Argentina, Colômbia, Cuba, Uruguai e em alguns estados do México. No Chile, é ilegal, com exceção de risco para a saúde da mãe, estupro ou mal-formação fetal. No Brasil, é permitido quando a gestação resultar de um estupro, se a gravidez representar risco de vida para a mãe ou em casos de anencefalia fetal.

Em El Salvador, Honduras, Nicarágua, Haiti e República Dominicana, é absolutamente proibido.

E.Steiner--HHA