Chegada de migrantes irregulares às Ilhas Canárias bateu recorde em 2024
Um total de 46.843 migrantes entrou irregularmente na Espanha através das Ilhas Canárias em 2024, superando o recorde de 2023, devido ao forte aumento das chegadas desde outubro, segundo os dados anuais publicados nesta quinta-feira (2) pelo Ministério do Interior.
No total, 63.970 migrantes irregulares chegaram à Espanha no ano passado, um número superior ao de 2023 (56.852), mas inferior ao recorde de 2018, quando foram registrados 64.298.
As Ilhas Canárias são a principal porta de entrada de migrantes para a Espanha, e muitos morrem tentando alcançar este arquipélago em pequenas embarcações. O arquipélago está localizado a cerca de 100 km da costa noroeste da África no ponto mais próximo.
De acordo com dados da ONG Caminando Fronteras, 2024 foi o ano com mais mortes nesta perigosa travessia, com cerca de 10.400 vítimas.
O número de mortes foi 58% superior ao registrado em 2023 pela ONG, que contabilizou 6.618 óbitos.
Apesar dos perigos, devido às fortes correntes e às embarcações frágeis utilizadas pelos migrantes, com pouca água e suprimentos, a travessia para as Ilhas Canárias ganhou popularidade nos últimos anos devido ao aumento da vigilância e da pressão das autoridades em outras rotas.
Enquanto os números das Canárias batem recordes, as chegadas à União Europeia pela rota dos Bálcãs ocidentais caíram 80% nos primeiros onze meses de 2024, e as chegadas pelo Mediterrâneo central diminuíram 60%, segundo dados da agência fronteiriça europeia, Frontex.
Sobrecarregadas pela magnitude das chegadas nos últimos meses, as autoridades locais deram o alerta, declarando que não conseguem mais atender menores desacompanhados em suas instalações de acolhimento.
No entanto, o governo de esquerda e a oposição conservadora não conseguem chegar a um acordo sobre a redistribuição dos menores por todo o território nacional para aliviar a situação nas Canárias.
A Espanha é uma exceção em relação às questões migratórias dentro da União Europeia, pois o chefe de governo, o socialista Pedro Sánchez, defende uma abordagem positiva em relação à imigração legal em uma Europa cada vez mais envelhecida.
Em meados de novembro, o Executivo aprovou uma reforma destinada a facilitar a regularização de dezenas de milhares de migrantes.
Com esta reforma, que inclui a redução do tempo necessário para obter o visto de residência e a ampliação da duração do visto de procura de emprego de três meses para um ano, até 300.000 migrantes poderão ser regularizados anualmente nos próximos três anos.
J.Fuchs--HHA