Bebidas alcoólicas devem incluir advertência contra câncer no rótulo, diz autoridade de saúde dos EUA
A principal autoridade de saúde dos Estados Unidos pediu, nesta sexta-feira (3), que os avisos nas bebidas alcoólicas destaquem que elas provocam câncer e instou a reavaliar os limites de consumo diário devido aos riscos associados.
A relação entre álcool e câncer é conhecida desde a década de 1980, e há cada vez mais evidências que a reforçam, lembrou o cirurgião-geral dos EUA, Vivek Murthy. Mas essa informação não se reflete nos rótulos de advertência obrigatórios.
"O álcool é uma causa de câncer bem estabelecida e evitável, responsável por cerca de 100.000 casos de câncer e 20.000 mortes por câncer por ano nos Estados Unidos", afirmou Murthy em comunicado.
Esse número supera as aproximadamente 13.500 mortes anuais em acidentes de trânsito relacionados ao consumo de álcool.
"No entanto, a maioria dos americanos não está ciente deste risco", acrescentou, enfatizando a necessidade urgente de educação pública.
Introduzido em 1988, o rótulo atual de advertência apenas indica que "as mulheres não devem consumir bebidas alcoólicas durante a gravidez por risco de malformações congênitas" e que "o consumo de bebidas alcoólicas reduz a capacidade de conduzir um automóvel ou operar máquinas e pode causar problemas de saúde".
Murthy pediu ao Congresso que modernize esses rótulos para incluir o risco de câncer, como já fizeram países como Coreia do Sul e Irlanda.
O consumo de álcool aumenta o risco de pelo menos sete tipos de câncer: mama, colorretal, fígado, boca, garganta, esôfago e laringe. Para o câncer de mama, o álcool é responsável por 16,4% de todos os casos.
A conscientização pública sobre o tema está muito atrasada. Uma pesquisa de 2019 revelou que apenas 45% dos americanos identificaram o álcool como um fator de risco para câncer, em comparação com 91% sobre os perigos da radiação, 89% sobre o tabaco, 81% sobre a exposição ao amianto e 53% sobre a obesidade.
O novo relatório também questiona as diretrizes alimentares dos Estados Unidos, que recomendam um limite diário de duas doses de bebida alcoólica para homens e uma para mulheres.
É alarmante que 17% das mortes por câncer relacionadas ao álcool ocorram entre pessoas que permanecem dentro desses limites, sugerindo a necessidade de reavaliação.
Os profissionais de saúde também têm um papel fundamental em informar os pacientes sobre os riscos do álcool, destaca a recomendação.
O álcool contribui para o câncer sobretudo por meio de quatro mecanismos: é metabolizado em acetaldeído, que afeta o DNA; induz estresse oxidativo, danificando o DNA, proteínas e células; altera os níveis hormonais, incluindo os estrogênios; eleva a absorção de carcinógenos, incluindo os presentes no tabaco.
O.Zimmermann--HHA