Hamburger Anzeiger - Estudo indica que bonobos são mais agressivos do que se pensava

Estudo indica que bonobos são mais agressivos do que se pensava
Estudo indica que bonobos são mais agressivos do que se pensava / foto: Martin Surbeck - Max Planck Institute for Evolutionary Anthropology/AFP/Arquivos

Estudo indica que bonobos são mais agressivos do que se pensava

Os bonobos têm fama de serem mais pacíficos do que os chimpanzés, mas isso não é 100% correto.

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Segundo um estudo publicado nesta sexta-feira (12) na revista científica Current Biology, os bonobos macho brigam com mais frequência do que os chimpanzés, e os mais agressivos têm mais sucesso com as fêmeas.

A autora principal do estudo, Maud Mouginot, explicou à AFP que estudou a agressividade nos bonobos porque pesquisas anteriores haviam revelado a existência de um "viés reprodutivo" nos machos: alguns têm muito mais descendentes do que outros.

"Assim que a pergunta era: se os bonobos não são tão agressivos, como pode haver um viés reprodutivo tão grande?", explicou.

Os bonobos, uma espécie distinta dos chimpanzés, ganharam uma reputação de quase "hippies", que utilizam o sexo como forma de resolver conflitos.

Também se sabe que têm comportamentos homossexuais, sobretudo entre as fêmeas, e que compartilham a comida.

Outros pesquisadores já tentaram comparar o índice de agressividade entre as duas espécies, que compartilham 99,6% do DNA.

Mas esses estudos não utilizaram a mesma metodologia em suas observações, por isso os resultados foram limitados.

Maud Mouginot e seus colegas estudaram três grupos de bonobos em uma reserva da República Democrática do Congo, e dois grupos de chimpanzés no Parque Nacional de Gombe, na Tanzânia.

Os pesquisadores estudaram, sobretudo, o comportamento dos machos, geralmente relacionado com o sucesso reprodutivo.

Observando o comportamento de 12 bonobos e 14 chimpanzés macho durante dois anos, os cientistas recolheram dados sobre a frequência das interações violentas, os envolvidos e se havia contato físico (mordidas, golpes, etc.) ou não.

Surpreendentemente, os pesquisadores descobriram que os bonobos macho tinham 2,8 vezes mais interações agressivas do que os chimpanzés, e três vezes mais altercações físicas.

"Essa é a principal descoberta deste estudo", afirma Maud Mouginot, da Universidade de Boston. "O outro é que observamos que os bonobos macho mais agressivos que seus congêneres acasalaram mais" com as fêmeas durante o período de ovulação.

- Brigas -

Os bonobos macho eram quase exclusivamente agressivos com outros machos, enquanto os chimpanzés macho tinham maior tendência de atacar as fêmeas.

Esses dois resultados eram previsíveis. As bonobos fêmea costumam ocupar uma posição dominante no grupo e formam alianças para deter machos isolados que poderiam tentar acasalar com elas. Portanto, os machos têm pouco interesse em confrontá-las.

Por outro lado, as sociedades dos chimpanzés são dominadas pelos machos, e são eles que formam alianças, obrigam as fêmeas a manter relações sexuais ou castigam os rivais.

As disputas entre bonobos costumam ser entre dois indivíduos, e não entre um indivíduo e um grupo, o que poderia explicar por que estas altercações se produzem com mais frequência, segundo Maud Mouginot. Há menos em jogo.

Os bonobos não são conhecidos por matarem uns aos outros, enquanto nas altercações entre chimpanzés há participação de vários machos e pode haver vítimas.

Essas altercações podem ocorrer dentro de seu próprio grupo ou quando lutam contra grupos rivais para defender o território. O fato de que o risco é maior poderia limitar a frequência dessas brigas.

E a que se deve o êxito de alguns bonobos com as fêmeas?

"É possível que os machos agressivos possam passar mais tempo com as fêmeas", mantendo seus rivais na linha, segundo Maud Mouginot.

Mas, para confirmar isso, será preciso investigar mais.

A pesquisadora também se mostra cética ante uma possível comparação com os humanos e a ideia de que os mais guerreiros são mais atraentes para as mulheres.

Assinala que as bonobos fêmea não toleram que os machos as agridam, mas é possível que se sintam atraídas quando atacam outros.

I.Hernandez--HHA