Países da bacia do Mediterrâneo combatem incêndios e calor
Novos incêndios obrigaram a Grécia a emitir ordens de evacuação perto de duas cidades, coincidindo com um novo aumento das temperaturas, que também ameaça outros países da bacia do Mediterrâneo, onde os incêndios e as tempestades continuam causando estragos.
A determinação das autoridades gregas abrangem a periferia de Vólos (85.000 habitantes) e Lâmia (60.000 habitantes), duas cidades do centro do país, onde uma nova frente de incêndios foi declarada.
Os bombeiros disseram à AFP que encontraram uma mulher morta em um motorhome perto de Vólos, o que eleva para cinco o número de mortos desde que começou uma das ondas de calor mais prolongadas que o país já sofreu.
As chamas continuam nas ilhas de Rhodes, Corfu e Eubeia, de onde milhares de turistas e moradores foram retirados nos últimos dias.
Na Itália, pelo menos cinco pessoas morreram devido aos fortes incêndios na Sicília (sul) e às tempestades violentas no norte, que podem levar o governo a declarar estado de emergência nas áreas mais afetadas.
Os corpos carbonizados de dois idosos foram encontrados dentro de uma casa destruída pelas chamas e uma mulher de 88 anos morreu perto de Palermo, informou a imprensa local nesta terça.
Na Croácia, um incêndio foi declarado nesta quarta perto da turística localidade de Dubrovnik. Na ilha francesa de Córsega, os bombeiros combateram um incêndio na noite de terça, mas a situação melhorou nesta manhã.
Já na Argélia, as chamas que se propagavam no nordeste do país foram extintas nesta quarta, mas provocaram 34 mortes em sua passagem.
Também houve incêndios em Portugal, na orla do Atlântico, onde oito bombeiros ficaram feridos e centenas trabalhavam nesta quarta nos arredores de Sintra, popular destino de férias ao noroeste de Lisboa.
- Megatonelada de emissões de carbono na Grécia -
Os cientistas do grupo World Weather Attribution (WWW) consideram que as ondas de calor que afetaram algumas áreas da Europa e América do Norte este mês teriam sido quase impossíveis sem as mudanças climáticas provocadas pela ação humana.
"As recentes ondas de calor já não são acontecimentos excepcionais" e as que virão "serão ainda mais intensas e frequentes se não forem rapidamente reduzidas as emissões" de gases de efeito estufa, indicaram os pesquisadores.
Nessa mesma linha se expressou a Organização Mundial da Saúde (OMS). "Devemos atacar as causas e atenuá-las se queremos proteger nossa saúde, nossos ecossistemas e nossas economias", afirmou o diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
As consequências são graves: o observatório do planeta da União Europeia, Copernicus, indicou nesta quarta que as emissões provocadas pela fumaça dos incêndios na Grécia são as mais altas registradas neste período nos últimos 21 anos.
Entre 1° e 25 de julho, um total estimado de 1 megatonelada de emissões de carbono foi produzido no país, segundo o observatório.
- Luto -
Após uma trégua na segunda-feira, na terça houve um novo pico de calor e para esta quarta eram esperados "45°C" no centro e sul da Grécia "antes de baixar 5 graus" na quinta, segundo o serviço meteorológico nacional, EMY.
A turística Acrópole, em Atenas, fechou nesta quarta às 11h locais (5h em Brasília) devido às altas temperaturas, informou o Ministério da Cultura. Todos os sítios arqueológicos da Grécia fecharam nesta quarta durante as horas mais quentes do dia.
"Perderam a vida salvando vidas", declarou o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis.
Nos últimos 12 dias, a Grécia tentou conter mais de 600 focos de incêndio, segundo o governo. O Ministério de Defesa Civil emitiu alertas para risco extremo de incêndio em seis das 13 regiões do país.
Na ilha turística de Rhodes, Vassilis - que não quis revelar seu sobrenome - se queixou da situação. "Uma semana sem eletricidade, água e telefone."
Ruas desertas, restaurantes e comércios fechados... o litoral vive ao som de caminhões de bombeiros e veículos de voluntários.
Em Corfu, 62 bombeiros, dois aviões e dois helicópteros combatem o fogo que começou no fim de semana.
No oeste de Peloponeso, 140 bombeiros e um helicóptero também lutam contra um incêndio florestal.
E.Borstelmann--HHA