Hamburger Anzeiger - Executivos do petróleo marcam presença na COP29 e ONGs denunciam lobistas

Executivos do petróleo marcam presença na COP29 e ONGs denunciam lobistas
Executivos do petróleo marcam presença na COP29 e ONGs denunciam lobistas / foto: TOFIK BABAYEV - AFP

Executivos do petróleo marcam presença na COP29 e ONGs denunciam lobistas

As empresas do setor de energia marcaram presença nesta sexta-feira (15) na COP29 em Baku, onde as ONGs denunciam a presença e grande influência dos grupos lobistas das energias fósseis nas negociações da ONU.

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Como no ano passado, uma coalizão de ONGs tentou contar quantos lobistas das energias de origem fóssil foram credenciados na COP29 e afirma que quase 1.700 viajaram ao Azerbaijão, um grande produtor de petróleo.

Em Baku, milhares de participantes que chegaram a COP foram recebidos nesta sexta-feira por uma serpente gigante que simboliza os interesses fósseis na conferência.

"Exigimos o fim do colonialismo energético no Sul", declarou à AFP a ativista identificada apenas como Bhebhe, da ONG Power Shift Africa.

Os ativistas não são os únicos que acreditam que as COPs estão sob a influência dos grupos de lobby.

"É lamentável que o setor de energia fóssil e os petroestados tenham assumido o controle dos processos da COP, de uma forma insalubre", disse o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, presente na conferência.

- Controvérsia -

Quase 53.000 pessoas foram credenciadas para a COP29, além da equipe técnica e dos organizadores, segundo a ONU.

Do total, a coalizão 'Kick Big Polluters Out' ('Expulsar os Grandes Poluidores', KBPO), que reúne 450 ONGs, afirma que 1.773 lobistas do setor de energia fóssil foram credenciados.

Contudo, o número real pode ser menor: a contagem inclui pessoas relacionadas com empresas cujas atividades principais não são as energias fósseis, como a francesa EDF ou a líder dinamarquesa de energias renováveis Orsted.

A coalizão KBPO destacou ainda que os lobistas das energias fósseis superam em quantidade a 'delegação de quase todos os países', com exceção do Azerbaijão (2.229), Brasil (1.914) -que será a sede da COP30 em 2025 - e Turquia (1.862).

Independente do número exato, a presença dos interesses vinculados ao petróleo, ao gás e ao carvão nas COPs é algo evidente e, há algum tempo, fonte de controvérsia. A designação de Sultan Al Jaber, executivo da empresa petrolífera dos Emirados Árabes Unidos, para presidir a COP28 no ano passado em Dubai já foi muito criticada.

E tudo isso apesar de, no final do evento, a COP28 ter sido responsável pelo primeiro apelo para o início de uma saída das energias fósseis. Segundo a coalizão de ONGs, a reunião em Dubai teve um número recorde de pessoas relacionadas aos interesses do setor das energias fósseis.

"Nem é preciso dizer que ninguém na TotalEnergies participa de alguma forma nas negociações entre os Estados, nem tem acesso aos espaços de negociação", afirmou a empresa francesa sobre sua presença em Baku.

O CEO da empresa, Patrick Pouyanné, participou nesta sexta-feira, ao lado de um executivo da empresa nacional de hidrocarbonetos do Azerbaijão, a Socar, de uma mesa redonda sobre a luta contra as emissões de CO2 e metano no setor.

O Azerbaijão tem reservas significativas de hidrocarbonetos, um recurso que o presidente Ilham Aliyev descreveu esta semana como um "presente de Deus" que deve ser aproveitado.

O presidente da conferência, Mukhtar Babayev, é um ex-executivo da Socar.

Personalidades como o ex-secretário-geral da ONU Ban Ki-moon ou o renomado cientista Johan Rockström pediram uma mudança radical na organização das COPs, para que as reuniões aconteçam em países convencidos de que é necessário deixar as energias fósseis para trás.

As novas regras da ONU permitem que os observadores comprovem com mais facilidade a presença de grupos de lobby. Desde a COP28, os participantes devem declarar informações sobre seu emprego e suas relações, financeiras ou de outro tipo, com a entidade que solicita seu credenciamento.

Entre as delegações nacionais, o Japão incluiu o gigante do carvão Sumitomo, enquanto o Canadá conta com os produtores de petróleo Suncor e Tourmaline.

Em conjunto, as empresas de petróleo ocidentais Chevron, ExxonMobil, BP, Shell e Eni reuniram "39 lobistas", segundo as ONGs.

J.Berger--HHA